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Antonil[1]

André João Antonil

João Antônio Andreoni

 

O livro Cultura e Opulência do Brasil por sua Drogas e Minas, do Jesuíta João Antônio Andreoni foi publicado em 1711. Apesar de algumas das opiniões nele expressas coincidirem com aquelas defendidas por Jorge Benci ¾ notadamente no que diz respeito ao tratamento ideal a ser prescrito aos escravos pelos senhores ¾ não se pode afirmar que o autor da Economia Cristã dos Senhores no Governo dos Escravos tenha influenciado o texto de Andreoni. O que se pode inferir é que, pelo fato de terem sido ambos jesuítas, italianos, contemporâneos na Bahia colonial, e, segundo consta, comungantes do mesmo grupo jesuíta ‘colonial’, do qual Vieira era antagônico, se viram estes autores expostos a influências comuns e recíprocas, que resultaram num mesmo olhar sobre o tratamento dado pelos senhores aos seus escravos.  Se, da obra de Benci, pode-se dizer que a essência é reformadora e pedagógica, da obra de Andreoni, com certeza, pode-se dizer que o seu propósito é outro. Pois, como muitos autores já disseram, a primeira frase do Capítulo IX do Livro Primeiro de Cultura e Opulência do Brasil, sintetiza o entendimento de Andreoni sobre a serventia, que tinham para o senhor, os escravos: “Os Escravos são as mãos e os pés do senhor do engenho, porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumentar fazenda, nem ter engenho corrente”, e como deveriam ser tratados: “E do modo com que se há com eles, depende tê-los bons ou maus para o serviço” (ANTONIL, 1982, p.89).  Logo após ter sido publicado, o livro de Andreoni foi considerado perigoso e, por isso, tirado de circulação. Destino idêntico atingiria, algumas décadas depois, a obra de Ribeiro Rocha, livro de 1756, que propõe uma extinção paulatina da escravidão. Mas, diferentemente deste último caso, o perigo identificado no texto de Andreoni não residia na apresentação de sugestões para a libertação dos escravos, mas na revelação, com detalhes, das riquezas do Brasil.  Cultura e Opulência está dividido em quatro partes assim intituladas: Primeira Parte – Cultura e Opulência do Brasil na lavra do açúcar – Engenho Real corrente e moente. Esta parte contém três divisões: Livro I, Livro II e Livro III; Segunda Parte – Cultura e Opulência do Brasil na lavra do tabaco; Terceira Parte: Cultura e Opulência do Brasil pelas Minas de ouro; Quarta Parte: Cultura e Opulência do Brasil pela abundância do gado e courame e outros contratos reais que se rematam nesta conquista; Conclusão - com um ‘resumo’ de tudo o que ia ordinariamente, a cada ano, do Brasil para Portugal e do seu valor e do quanto é justo que se favoreça o Brasil, por ser de tanta utilidade ao reino de Portugal.

(Conferir, ainda, CASIMIRO, Ana Palmira Bittencourt Santos. Economia cristã dos senhores no governo dos escravos: uma proposta pedagógica jesuítica no Brasil colonial. 2002. 482f. Tese (Doutorado em Educação)  Programa de Pós Graduação em Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2002.

 

ANTONIL, André João. Cultura e Opulência do Brasil. Est. Bibliogr. Por Affonso Taunay.; notas de Fernando Sales. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP. 1982. (Reconquista do Brasil; nova série; v. 70).

 



[1] Verbete elaborado por Ana Palmira Bittencourt Santos Casimiro

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