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Jorge Benci. [1]

A maioria dos historiadores luso-brasileiros que se debruçam sobre a história do Brasil ou sobre a história da Companhia de Jesus no Brasil colonial, tomam emprestadas as informações extraídas da obra de Serafim Leite, que traduzem exatamente o que vai ser narrado a seguir: “Benci, Jorge. Moralista. Nasceu cerca de 1650, em Rimini, na Itália. Entrou na Companhia de Jesus em Bolonha, com 15 anos, a 17 de outubro de 1665. Embarcou em Lisboa, vindo para o Brasil, em 1681, com 31 anos. Fez a profissão solene no Rio de Janeiro a 15 de agosto de 1683. Pregador e Procurador do Colégio da Baía. Professor de Humanidades e de Teologia, visitador local e Secretário do Provincial. Nesta qualidade esteve em São Paulo a tratar das administrações dos Índios. Em 1700, sentiu-se constrangido [o grifo é nosso] no Brasil e pediu para ir para a Ilha de São Tomé ou voltar à Província de Veneza, a que pertencera. Não voltou a ela, mas a Lisboa, onde se ocupou dos assuntos da Província do Brasil, e onde faleceu a 10 de julho de 1708” (LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil: século XVI. Lisboa: Portucália, 1938. 10v. p.95-96). Escreve Leite que Benci deixou o Brasil em 1700, passando a ser o Procurador da Província do Brasil junto à Corte Portuguesa. Na verdade, Serafim Leite dá informações não de uma mas de duas cartas escritas por Benci ao superior Tirso González. Na primeira, escrita da Bahia e datada de 02 de maio de 1700, Benci tratara de assuntos pessoais e teria pedido para sair do Brasil. Sobre a segunda carta, escrita também na Bahia em 12 de maio do mesmo ano, Serafim Leite diz que Benci, “Estando a limar o seu sermão sobre as Obrigações dos Senhores para com os Escravos, de que há grande quantidade no Brasil, achou que o devia ampliar e espera que será útil, porque não conhece nenhuma obra em português sobre o assunto. Envia o sumário e parágrafo do seu livro Economia Cristãa. Lat(idem p.95-96). Isto significa que o texto foi concluído no ano de 1700. Sabe-se de mais duas cartas enviadas por Benci para o Pe. Geral o qual, a partir de 31 de janeiro de 1706, era Michelangelo Tamburini. A primeira carta, datada de junho de 1706, escrita em italiano, na cidade de Lisboa, informa que Benci viera a Lisboa para tratar de negócios. A segunda, também ao Geral Tamburini, datada de 22 de agosto de 1706 e escrita em latim, refere-se a uma demanda do Colégio da Bahia com o Sr. Domingos da Silva Morro. Além dessas cartas e de outra, escrita anteriormente, em julho de 1683, ao Pe. Geral Noyelle, na qual dá conta das suas ocupações na Bahia, Jorge Benci deixou alguns sermões, panegíricos e um tratado moral. Serafim Leite menciona o que restou da obra benciana e, conforme ele registra, estes documentos encontram-se no Arquivo da Companhia de Jesus, em Roma.

1.  “Sentimentos da Virgem Maria N.S. em sua Soledade. Sermão que pregou na Sé da Bahia o P. Jorge Benci da Companhia de Jesu”. Anno 1698 [Trigrama da Companhia]. Lisboa. Com as licenças necessárias. Na Officina de Bernardo da Costa. Anno 1699, 4o, 27 p;

2.  “Sermão ao Povo na Quinta-feira, in Coena Domini”, Lisboa, Bernardo da Costa Carvalho, 1701;

3.  “Panegírico de S. Filipe de Néri no seu templo de Pernambuco”. Lisboa, António Pedroso Galrão, 1702;

4. “Economia Christaã dos Senhores no Governo dos Escravos. Deduzida Das Palavras do Capítulo trinta e três do Ecclesiastico: Panis, et disciplina, et opus servo: Reduzida a quatro Discursos Morais Pelo Padre Jorge Benci de Arimino, da Companhia de Jesu, Missionario da Provincia do Brasil. E offerecida à Alteza Real do Sereniss. Granduque de Toscana pelo Padre Antonio Maria Bonucci Da mesma Companhia”. [Vinheta]. Em Roma, na Officina de Antonio de Rossi na Praça de Ceri. 1705. Com licença dos Superiores. 24o, XII - 282 pp. A aprovação do Provincial Francisco de Matos é datada da Baía, 5 de Agosto de 1700; e a dedicatória [de Bonucci], de Roma, 3 de Dezembro de 1704.

5. “De vera et falsa probabilitate opinionum moralium opus tripartitum Auctore Georgio Bencio Ariminensi Theologo Societatis Jesu, et in Provincia Brasiliæ Missionário. Pars Prima, de Probabili intellectuali , sive per ordinem ad intellectum. Opus posthumum”. Romæ, MDCCXIII, ex Typographia Pauli Komarek, 4o , 356 pp. Dedicatória a António da Silva Pimentel, de 11 de Dezembro de 1705. Pelo título se vê que a obra constaria de três partes.

A. “Carta ao P. Geral Noyelle, do Rio de Janeiro, 11 de Julho de 1683. (Bras. 3(2), 167-167 v.) - Dá conta das suas ocupações; louva o provincial António de Oliveira; pede operários. Lat.

B. “Carta ao P. Geral Tirso González”, da Baía, 2 de Maio de 1700. (Bras. 4, 66-66v) - Trata de assuntos pessoais e para sair do Brasil. Lat.

C. “Carta ao P. Geral Tirso González”, da Baía, 12 de maio de 1700 (Bras. 4, 67) – Sobre a conclusão da Economia Cristã. Envia o sumário e parágrafo;

D. “Carta ao P. Geral Tamburini, de Lisboa, Junho de 1706. (Bras. 4, 118) - Veio tratar de negócios. Depois escreverá. Ital.;

“Carta do P. Geral Tamburini, de Lisboa, 22 de Agosto de 1706. (Bras. 4, 124-124 v.) - Demanda do Colégio da Baía com o Sr. Domingos da Silva Morro. Lat. Archivum Societatif Jesu Romanum - A.S.I.R. (idem, p.95-96). (Para maior conhecimento da obra de Benci, conferir: BENCI, Jorge. De vera et falsa probabilitate opinionum moralium opus tripartitum Auctore Georgio Bencio Ariminensi Theologo Societatis Jesu, et in Provincia Brasiliæ Missionário. Pars Prima, de Probabili intellectuali, sive per ordinem ad intellectum. Opus posthumum”. Romae, MDCCXIII, ex Typographia Pauli Komarek, 4o; BENCI, Jorge. Economia Cristã dos Senhores no Governo dos Escravos (livro brasileiro de 1700) (Estudo preliminar) Pedro de Alcântara Figueira; Claudinei M.M. Mendes. São Paulo: Grijalbo, 1977; e CASIMIRO, Ana Palmira Bittencourt Santos. Economia cristã dos senhores no governo dos escravos: uma proposta pedagógica jesuítica no Brasil colonial. 2002. 482f. Tese (Doutorado em Educação)  Programa de Pós Graduação em Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2002.

  

 



[1]Verbete elaborado por Ana Palmira Bittencourt Santos Casimiro

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