Tito Flávio Clemente /
(Clemente de Alexandria) [1]
Nascido por volta do ano 150, em
Atenas, e falecido em 215, foi um dos primeiros Padres da Igreja. Apologista, ele se dedicou a esclarecer os pontos de
consenso e de dúvida entre a filosofia grega e o nascente cristianismo. Ensinou
em Alexandria, terreno de especulações filosóficas e teológicas e ambiente
fértil, onde semeou a doutrina cristã. Sua obra literária, encadeada em fases
progressivas, pretendia conduzir o leitor do paganismo à religião cristã, da
adesão ao cristianismo à disciplina e da disciplina à gnose fases que
correspondiam aos três graus do neoplatonismo: a purificação, a iniciação e a
visão: “Seu plano apologético pode ser compreendido dessa maneira: Primeira
etapa: a Protrépitca (ou preparação) ou
exortação aos gregos, que abre os espíritos à verdade revelada. Segunda etapa:
A Pedagógica (Pedagogo), que fornece ao neófito os elementos da
verdadeira fé. Por fim, a Didascália que
conduz o crente à verdade perfeita”. (FRANGIOTTI, Roque. História da Teologia: período medieval. São Paulo: Paulinas, 1992.
p.36 (Patrologia). Na Protrépitca,
ou exortação aos pagãos, Clemente, ao mesmo tempo em que apresenta Cristo como
arauto e mestre de um novo reino, refuta os cultos pagãos e a imoralidade
reinante. Depois, expõe a doutrina cristã da salvação. O Pedagogo compreende
três livros e se dirige aos que atenderam à sua exortação e se converteram ao
cristianismo: o primeiro livro orienta para Cristo e os outros dois contêm
diretrizes para a vida cotidiana dos cristãos. A Didascália
não chegou a ser composta, mas em seu lugar, um conjunto de oito livros, a Stromata conduz o cristão a uma espécie de ciência
superior (BOEHNER, Philotheus; GILSON, Etienne. História da
Filosofia Cristã. (Trad. e notas) Raimundo Vier,
OFM. Petrópolis: Vozes, 1995. p. 34):
Estas três obras principais formam uma espécie de trilogia, segundo uma
observação do próprio autor no começo do “Pedagogo”. O plano de Clemente é
expor as etapas sucessivas pelas quais o Logos deseja conduzir as almas à
perfeição. Após uma exortação inicial (Cohortatio),
o Logos assume o papel de educador (Paedagogus)
para a vida virtuosa; finalmente, Ele nos inicia numa espécie de ciência
superior, contida nos “Stromata” (BOEHNER, Philotheus; GILSON, Etienne. História da Filosofia Cristã. (Trad. e notas) Raimundo Vier, OFM. Petrópolis: Vozes, 1995.
p. 34). Pode-se dizer que Clemente foi o primeiro a esboçar uma grande
sistematização da moral, ao mesmo tempo em que, com regras explicitadas em sua
obra Pedagogo, estabelece normas de conduta para os cristãos conviverem com o
mundo dos pagãos. Assim como Justino,
nota-se a sua preocupação em justificar a filosofia grega como fonte da gnose e
como etapa para o conhecimento do verdadeiro Logos. Para provar que a filosofia
grega é um bem, e não uma obra do demônio,
Clemente não só retoma, como também realça e desenvolve a tese de
Justino sobre a função soteriológica da Lei Mosaica e
da filosofia grega, como bem transcreveram (BOEHNER, Philotheus;
GILSON, Etienne.
História da Filosofia Cristã. (Trad. e notas)
Raimundo Vier, OFM. Petrópolis: Vozes, 1995. p. 34).