Afrânio de Melo Franco nasceu em
Paracatu (MG), em 1870, membro de uma família com grande tradição na política
mineira. Advogado e diplomata, formou-se pela Faculdade de Direito de São
Paulo, em 1891. Nos tempos de faculdade, aderiu à causa republicana. Nos anos
seguintes à sua formatura, exerceu importantes cargos do Poder Judiciário no
estado de Minas Gerais. Iniciou sua carreira diplomática em 1896, quando foi
nomeado secretário da legação brasileira em Montevidéu. No ano seguinte, foi
designado para cumprir funções diplomáticas na Bélgica, voltando ao Brasil em
1898.
Iniciou sua carreira política em
1902, elegendo-se deputado estadual pelo Partido Republicano Mineiro (PRM). Em
1906, chegou à Câmara Federal, onde permaneceu até 1918, obtendo sucessivas
reeleições. Em setembro desse ano, foi nomeado secretário de Finanças do estado
de Minas Gerais. Meses depois, passou a ocupar o Ministério da Viação no curto
período em que Delfim Moreira esteve à frente do governo federal. Com Delfim
Moreira enfrentando sérios problemas de saúde, Afrânio desempenhou papel
central em seu governo, sendo, na época, chamado de
"primeiro-ministro". Deixou o cargo quando Epitácio Pessoa tomou
posse, em julho de 1919.
Em 1920, voltou à Câmara, onde
exerceu o posto de líder do PRM. Em 1924, foi designado embaixador do Brasil na
Liga das Nações. Trabalhou, então, para conquistar para o Brasil um posto de
membro efetivo no conselho daquela entidade. A escolha para o posto, no entanto
recaiu sobre a Alemanha, o que provocou a retirada do Brasil da Liga, em 1926.
De volta ao Brasil, voltou a
ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados, onde novamente liderou a bancada do
PRM e presidiu a Comissão de Constituição e Justiça. Ao aproximarem-se as
eleições presidenciais de 1930, o presidente Washington Luís apontou para
sucedê-lo o nome de um outro paulista, o governador Júlio Prestes, contrariando
assim o acordo tácito firmado com Minas Gerais, que garantia a alternância dos
dois estados no comando do governo federal. Coube, então, a Afrânio de Melo
Franco fazer as primeiras sondagens junto aos grupos dirigentes do Rio Grande
do Sul com vistas à articulação de uma candidatura oposicionista liderada por
um gaúcho. Formou-se a partir daí a Aliança Liberal, coligação que reunia os
estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, mais as oposições dos
demais estados, em torno do nome de Getúlio Vargas como candidato à
presidência. Afrânio integrou a comissão executiva da Aliança Liberal e teve
papel de destaque na coordenação da campanha eleitoral, que foi bastante
acirrada.
Realizado o pleito em março de
1930, a vitória, porém, coube à chapa situacionista. Alegando a ocorrência de
fraudes, os membros mais exaltados da Aliança, que incluíam políticos mais
jovens e muitos dos antigos "tenentes" que haviam lutado contra o
governo federal na década anterior, passaram a articular um movimento para
depor Washington Luís pelas armas. Nessa fase da luta, porém, Afrânio teve uma
participação bastante modesta, ao contrário de seu filho, Virgílio de Melo
Franco, que esteve entre os mais destacados conspiradores.
Quando o movimento foi
deflagrado, em outubro, Afrânio encontrava-se no Rio de Janeiro. Temeroso de
ser preso, pediu asilo na embaixada do Peru, onde permaneceu até que Washington
Luís fosse afastado por um golpe militar, que colocou no poder uma junta
governativa composta por oficiais graduados das Forças Armadas. Afrânio foi
então designado para ocupar o Ministério das Relações Exteriores (Itamarati),
acumulando ainda a pasta da Justiça. Ao ser empossado dias depois na
presidência, Vargas confirmou o seu nome como ministro das Relações Exteriores.
No Itamarati, Afrânio dispôs de
relativa autonomia para desempenhar suas funções, já que as atenções de Vargas
estavam inteiramente voltadas para a política interna do país. Desempenhou,
então, importante papel na mediação dos conflitos do Chaco,
que opunha a Bolívia e o Paraguai, e do porto de Letícia, disputado pelo Peru e
pela Colômbia. Por conta de sua atuação nas negociações referentes a esses
conflitos, teria seu nome indicado para o Prêmio Nobel da Paz, em 1935, não
obtendo, contudo a premiação.
Em 1932, opôs-se à Revolução
Constitucionalista deflagrada em São Paulo contra o governo federal. Em
setembro desse ano, quando o conflito ainda se arrastava, passou a acumular
interinamente a pasta da Justiça, até o mês de novembro. Em seguida, presidiu a
comissão nomeada por Vargas com a finalidade de elaborar o anteprojeto da
futura Constituição do país, que se reuniu entre novembro de 1932 e maio de
1933.
Em dezembro de 1933, deixou o
Itamarati em protesto contra o fato de seu filho Virgílio ter sido preterido
por Vargas na escolha do interventor federal em Minas Gerais, realizada após a
morte de Olegário Maciel. Em outubro de 1934, elegeu-se deputado estadual
constituinte em Minas Gerais, participando, a partir de maio do ano seguinte,
da elaboração da nova Constituição daquele estado. Nos anos seguintes,
desempenhou funções diplomáticas, representando o Brasil em importantes
conferências internacionais até o início da década de 40, já iniciada a Segunda
Guerra Mundial.
Faleceu no Rio de Janeiro, em
1943.
Faleceu no Rio de Janeiro, em
1943.
Fonte:
: http://www.cpdoc.fgv.br/comum/htm/
Maria Isabel Moura Nascimento
Data do Documento: 22/04/2004