Agildo da Gama Barata Ribeiro nasceu em 1905, no Rio de Janeiro. Militar, ficou órfão ainda muito jovem e foi morar no Rio Grande do Sul, em casa de seu irmão Fernando. Em 1923, presenciou de perto as lutas travadas naquele estado pelos federalistas, aos quais se ligava seu irmão, contra o governo de Borges de Medeiros. Por essa mesma época, travou contato com o movimento tenentista, que também era visto por seu irmão com simpatia.
Entre 1925 e 1928, cursou a Escola Militar do Realengo, no Rio de
Janeiro. Ali, logo manteve contato com os "tenentes", estreitando
contato com o grupo liderado por Juarez Távora, do qual também fazia parte
Juraci Magalhães. Em 1930, foi designado para servir no 22º Batalhão de
Caçadores, sediado na cidade da Paraíba, futura João Pessoa.
Teve participação destacada na deflagração da Revolução de 1930, cujo
núcleo irradiador no Nordeste era justamente a capital paraibana. Na data
marcada para o início da insurreição, servia como oficial de dia em sua
guarnição e foi encarregado de aprisionar os oficiais legalistas ali presentes.
Tomada a capital da Paraíba, dirigiu-se para os estados de Pernambuco, Alagoas,
Sergipe e Bahia, onde participou da deposição dos governos locais,
comprometidos com a velha ordem. Após a vitória do movimento, passou a exercer
a função de secretário de Juarez Távora, que foi designado delegado militar do
Governo Provisório na região Norte-Nordeste.
Não demorou, contudo, para demitir-se do cargo por considerar a
atuação de seu chefe inoperante. Decepcionado com os rumos do novo regime,
denunciou a inspiração fascista das legiões revolucionárias incentivadas por
membros do governo e passou a se articular com elementos da oposição.
Comprometeu-se com o Movimento Constitucionalista deflagrado pelos setores
políticos de São Paulo, em julho de 1932, contra o governo federal. Foi,
contudo, preso imediatamente após o início do levante, permanecendo na cadeia
até o final do movimento, em outubro daquele ano. Em seguida foi enviado para o
exílio em Portugal, onde viveu até o final de 1933. Em Lisboa, realizou
leituras e estudos que o aproximaram do socialismo.
De volta ao Brasil, recusou convite de Juraci Magalhães para ocupar um
cargo no governo da Bahia. Fixou-se no Rio de Janeiro como comerciante e passou
a manter contatos com elementos do Partido Comunista Brasileiro, então Partido
Comunista do Brasil (PCB), ao qual viria a se filiar. De volta ao Exército, foi
designado para servir no 8º BC, no município de São Leopoldo (RS). Dedicou-se
então à organização da Aliança Nacional Libertadora (ANL), frente de esquerda
que reunia comunistas, socialistas e outros setores na luta contra o
integralismo e o imperialismo. Foi o presidente da comissão diretora municipal
da ANL em São Leopoldo e vice-presidente da comissão diretora estadual gaúcha.
Seu envolvimento com a ANL acabou valendo-lhe uma punição disciplinar, sendo
preso e transferido para o Rio de Janeiro. Cumpria sua pena no 3º Regimento de
Infantaria (3º RI), na Praia Vermelha, quando foi deflagrado em Natal e em
Recife levantes armados liderados por setores da ANL. Sob as ordens de Luís
Carlos Prestes, unidades na capital federal também se jogaram na insurreição.
Coube a Agildo Barata o comando do movimento no 3º RI, onde se achava preso. O
levante, entretanto, durou apenas algumas horas, sendo facilmente dominado
pelas forças fiéis ao governo. Agildo foi condenado pela Lei de Segurança
Nacional a dez anos de prisão, que foram efetivamente cumpridas, além de perder
sua patente do Exército.
Foi solto em 1945. Nessa época, passou a defender no interior do PCB o
alinhamento do partido a Vargas em função de seu apoio aos Aliados na II Guerra
Mundial. Essa posição, também defendida por Prestes, acabou prevalecendo no
interior do partido, o que não evitou que Vargas fosse afastado do governo por
um golpe militar em outubro daquele ano.
Em 1947, elegeu-se vereador no Rio de Janeiro, então Distrito Federal,
pela legenda do PCB, legalizada após a redemocratização do país. Foi, porém,
cassado logo no início do ano seguinte junto com todos os demais parlamentares
comunistas no país, em função do cancelamento do registro legal do partido no
ano anterior. Em 1956, abalado pela divulgação do relatório de Nikita Krutschev no XX Congresso
do Partido Comunista da União Soviétiva, que
denunciava os crimes stalinistas, passou a defender, então, uma radical
democratização das estruturas partidárias. Não obtendo sucesso na defesa de
suas propostas, resolveu deixar o PCB no ano seguinte.
Morreu em 1968, no Rio de Janeiro.
Fonte: : http://www.cpdoc.fgv.br/comum/htm/
Maria Isabel Moura Nascimento
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Maria Isabel Moura Nascimento
Data do Documento: 22/04/2004