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Antônio Carlos Ribeiro de Andrada

 

Nasceu em Barbacena (MG), em 1870. Era integrante de uma das famílias de maior tradição na política brasileira, contando entre seus membros mais ilustres José Bonifácio de Andrada e Silva, o "Patriarca da Independência", seu tio-avô.

Advogado, estudou na Faculdade de Direito de São Paulo, onde participou do movimento republicano antes de se formar, em 1887. Iniciou sua carreira política ainda no final do século passado, como vereador em Juiz de Fora, pelo Partido Republicano Mineiro (PRM). Em 1902, foi nomeado secretário de Finanças de Minas Gerais, tendo durante sua gestão participado das negociações que levaram à assinatura do Convênio de Taubaté, pelo qual os estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro firmavam uma política de valorização do café, com o estabelecimento de um preço mínimo para o produto através da compra dos estoques excedentes. Em 1906, assumiu a prefeitura de Belo Horizonte por um breve período.

Ainda em 1906, tornou-se presidente da Câmara Municipal de Juiz de Fora, o que na época representava o controle sobre os assuntos executivos do município, ao mesmo tempo que acumulava o mandato de senador estadual. Em 1911, elegeu-se deputado federal, permanecendo na Câmara dos Deputados até 1917, tendo ocupado os postos de líder da maioria e de presidente da Comissão de Finanças. Em setembro desse ano, a convite do presidente Venceslau Brás, assumiu o Ministério da Fazenda, onde permaneceu até novembro de 1918. Em maio do ano seguinte, voltou à Câmara dos Deputados e em 1925 elegeu-se senador da República.

Em setembro do ano seguinte tomou posse no governo de Minas Gerais. Sua gestão foi marcada por inovações, como a instituição do voto secreto nas eleições estaduais e municipais, a reforma do ensino primário e normal, dirigida por Francisco Campos a partir de postulados do movimento pela Escola Nova, e a criação da Universidade de Minas Gerais. Suas preocupações reformistas foi sintetizada na frase "Façamos a revolução antes que o povo a faça".

Pelo acordo entre as oligarquias de São Paulo e Minas, que vinha garantindo a alternância entre os dois estados no comando do executivo federal, o sucessor de Washington Luís deveria ser um mineiro, provavelmente o próprio Antônio Carlos. A opção de Washington Luís por fazer do também paulista Júlio Prestes o seu sucessor desencadeou, porém, o rompimento entre os dois estados. Preterido no processo sucessório, Antônio Carlos passou, então, a articular o nome do gaúcho Getúlio Vargas à presidência. Tal candidatura se concretizou com a formação da Aliança Liberal, coligação que reunia os situacionismos de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, sendo ainda apoiada pela maioria dos "tenentes" que haviam lutado contra o governo federal nos anos anteriores. A campanha eleitoral foi bastante acirrada mas, realizado o pleito em março de 1930, a vitória acabou ficando com o candidato situacionista. Em Minas, Antônio Carlos passou o governo estadual ao seu candidato, Olegário Maciel.

Com a derrota eleitoral, setores da Aliança Liberal, principalmente os "tenentes" e os políticos mais jovens, como Oswaldo Aranha e Virgílio de Melo Franco, iniciaram as articulações visando a derrubada de Washington Luís pelas armas. Antônio Carlos, a princípio, manteve-se hesitante com relação ao seu apoio ao movimento armado, chegando inclusive a propor o seu cancelamento. A evolução dos fatos, porém, favoreceu os revolucionários e o movimento foi deflagrado em outubro de 1930, com o apoio das forças políticas dos três estados que haviam criado a Aliança Liberal. No mês seguinte, finalmente, Vargas chegaria ao poder.

Os momentos que se seguiram à vitória do movimento de 1930 foram marcados pela luta entre os grupos que apoiavam o novo governo. Em Minas Gerais essa luta tomou formas concretas com a criação da Legião de Outubro, agremiação que procurava substituir o antigo PRM na condução da política estadual. Antônio Carlos aderiu à nova organização, tendo feito parte de sua direção. Participou também do efêmero Partido Social Nacionalista, uma frustrada tentativa de se unificar as facções em luta na política mineira. Em fevereiro de 1933, participou da fundação do Partido Progressista (PP). Em maio seguinte, elegeu-se por essa legenda à Assembléia Nacional Constituinte. Comprometido com a candidatura de Vargas na eleição para presidente a ser realizada pela Assembléia Constituinte, recebeu o apoio deste para presidí-la e foi, de fato, eleito para o posto.

Após a promulgação da nova Constituição, renovou seu mandato na Câmara Federal e foi confirmado como presidente daquela Casa. Sua candiadtura chegou a ser cogitada para a sucessão de Vargas, prevista para janeiro de 1938, mas não se concretizou em virtude da oposição que lhe foi movida pelo próprio Vargas e pelo governador mineiro Benedito Valadares. Em maio de 1937, foi derrotado por Pedro Aleixo na eleição para a presidência da Câmara. Deixou, então, o PP e fundou o Partido Progressista Democrático. Ao mesmo tempo manifestou apoio à candidatura presidencial do governador paulista Armando de Sales Oliveira.

Perdeu seu mandato parlamentar em novembro de 1937, quando Vargas implantou a ditadura do Estado Novo, cancelando também a eleição que definiria o seu sucessor. Abandonou, então, a atividade politica para se dedicar aos seus negócios privados. Em 1943, negou-se a assinar o Manifesto dos Mineiros, que fazia críticas à ditadura e rompia com a censura vigente no país desde 1937, por ser o documento articulado por Pedro Aleixo e Virgílio de Melo Franco, dois de seus desafetos na política mineira.

Morreu no Rio de Janeiro, em 1946.

 

Fonte: : http://www.cpdoc.fgv.br/comum/htm/

 

 

Fonte: : http://www.cpdoc.fgv.br/comum/htm/

 

Data do Documento: 22/04/2004

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