Francisco Antunes Maciel
Júnior
Nasceu em Pelotas (RS), em 1881. Seu pai, que exercia influência na
política gaúcha desde os tempos do Império, participou da Revolução Federalista
(1893/1895), deflagrada no Rio Grande do Sul contra o governo do presidente
Floriano Peixoto. Por conta disso, Antunes Maciel viveu parte de sua infância
no exílio em Montevidéu, no Uruguai.
Advogado, iniciou seus estudos superiores na Faculdade de Direito de
São Paulo em 1899, concluindo-os em 1902, no Rio de Janeiro, para onde se havia
transferido. Após formar-se, voltou ao Rio Grande do Sul. Em 1906, assumiu a
direção de A Reforma, órgão do Partido Federalista, agremiação que fazia
cerrada oposição ao Partido Republicano Riograndense
(PRR), dominante na política gaúcha durante toda República Velha. Em 1915,
elegeu-se para a Câmara Federal. Não conseguiu reeleger-se no pleito seguinte,
mas recuperou a vaga em 1921.
Em 1923, ainda como deputado, participou dos levantes armados
promovidos pelos federalistas contra a quinta eleição consecutiva de Borges de
Medeiros, líder do PRR, ao governo gaúcho. Tornou-se, então, membro do
estado-maior revolucionário. As facções em luta só chegaram a um acordo no
final de 1923, quando foi assinado, com o apoio de Maciel, o Pacto de Pedras
Altas.
Em janeiro seguinte, voltou a eleger-se deputado federal, agora pela
Aliança Libertadora, agremiação que aglutinou a oposição gaúcha e absorveu o
Partido Federalista. Ao término de seu mandato, em 1927, assumiu a direção de O
Libertador, órgão oficial da Aliança Libertadora, que logo a seguir se
transformaria no Partido Libertador.
Em 1929, participou das negociações que levaram à unificação das
correntes políticas gaúchas na Frente Única Gaúcha (FUG), constituída para dar
apoio à candidatura presidencial de Getúlio Vargas. Realizadas as eleições,
porém, em março de 1930, Vargas foi derrotado por Júlio Prestes, o candidato
situacionista. Nesse mesmo pleito, Antunes Maciel conquistou novamente um
mandato de deputado federal. Participou, em seguida, da conspiração que levou
Vargas ao poder através de um movimento armado, deflagrado em outubro daquele
mesmo ano. Iniciado o movimento, participou pessoalmente das operações em Porto
Alegre.
Em seguida, foi nomeado secretário de Fazenda do novo governo gaúcho,
agora chefiado por Flores da Cunha. Em 1932, junto com Flores, manteve-se fiel
a Vargas, enquanto uma parcela significativa dos grupos dirigentes do estado
davam apoio ao Movimento Constitucionalista, deflagrado em São Paulo.
Após a derrota do movimento paulista, participou, no Rio Grande do
Sul, da fundação do Partido Republicano Liberal (PRL), que arregimentava os
setores políticos alinhados aos governos federal e estadual. Em novembro de
1932, foi nomeado ministro da Justiça. Nesse cargo, dirigiu e coordenou o
processo de reconstitucionalização do país. Além
disso, atuou durante certo tempo como elemento de ligação entre Vargas e Flores
da Cunha. Como ministro, participou dos trabalhos da Constituinte como membro
nato, empenhando-se na eleição de Vargas pela assembléia para um governo
constitucional. Deixou o ministério em julho de 1934, imediatamente após a
promulgação da nova Constituição. Foi nomeado, então, diretor da Carteira de
Redescontos do Banco do Brasil.
Em abril de 1937, percebendo os rumos tomados por Vargas no sentido do
estabelecimento de um regime autoritário, demitiu-se de seu cargo. Ainda
alinhado a Flores da Cunha, seu nome chegou a ser escolhido pela Assembléia
Legislativa do Rio Grande do Sul para substituir o governador gaúcho quando
este renunciou ao cargo, em função das pressões exercidas contra ele por
Vargas. A intervenção federal no estado, porém, impediu que sua escolha fosse
confirmada. Durante o Estado Novo, negou-se a ocupar qualquer cargo no governo.
Após o fim da ditadura, em 1945, colaborou com o governo do general
Eurico Dutra (1956-1951), ocupando postos no segundo escalão. Em 1953, no
segundo governo Vargas, tornou-se diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico (BNDE), permanecendo nesse posto até 1960.
Morreu no Rio de Janeiro, em 1966.
Fonte: : http://www.cpdoc.fgv.br/comum/htm/
Data do Documento: 22/04/2004