Armando de Sales Oliveira nasceu em São Paulo, em 1887. Engenheiro
civil, diplomou-se pela Escola Politécnica de São Paulo. Após formar-se,
participou como engenheiro e empresário de diversos empreendimentos realizados
em vários pontos do estado de São Paulo. Casou-se com Raquel de Mesquita, filha
de Júlio de Mesquita, proprietário do jornal O Estado de São Paulo,
vindo a participar de sua direção administrativa após a morte do sogro.
Filiado ao Partido Democrático (PD) de São Paulo, participou das
articulações que levaram à criação, em princípios de 1932, da Frente Única
Paulista (FUP) e, em julho daquele ano, à deflagração do Revolução
Constitucionalista, que buscava a deposição do governo de Getúlio Vargas pelas
armas.
Com a derrota do movimento, assumiu por um ano a direção d'O Estado
de São Paulo, em virtude do exílio de seu diretor, Júlio de Mesquita Filho.
No ano seguinte, foi um dos articuladores da Chapa Única por São Paulo, que
disputou as eleições para a Assembléia Nacional Constituinte, realizada no mês
de maio, elegendo a maior parte dos representantes paulistas. Ainda em 1933,
cedendo às pressões po rum interventor civil e
paulista, Vargas nomeou Armando Sales para o cargo. Empossado em agosto,
Armando Sales teve de enfrentar a princípio a forte oposição movida por setores
militares do estado, especialmente o general Daltro
Filho, comandante da 2ª Região Militar. Superado esse obstáculo, dedicou-se à
reconstrução do aparelho administrativo do estado, completamente desarticulado
pelas represálias e perseguições que se seguiram à Revolução
Constitucionalista. Durante sua gestão foi criada a Universidade de São Paulo
(USP), projetada para se constituir em centro de excelência acadêmica, para
isso se recorrendo à contratação de professores europeus e norte-americanos.
No plano político, promoveu o re-ordenamento do quadro partidário
estadual com a criação do Partido Constitucionalista, que absorveu o PD,
oficialmente extinto em fevereiro de 1934, e uma dissidência do tradicional
Partido Republicano Paulista (PRP). Ao mesmo tempo, buscou aproximar-se do
governo federal, o que levou Vargas a nomear dois nomes indicados pelo Partido
Constitucionalista para o seu ministério: Vicente Rao,
na Justiça e Negócios Interiores, e José Carlos de Macedo Soares, nas Relações
Exteriores. Em outubro de 1934, comandou a vitória de seu partido nas eleições
para a Constituinte estadual, cujos membros o elegeram governador
constitucional em abril do ano seguinte.
No final de 1936, comunicou a Vargas sua intenção de candidatar-se nas
eleições presidenciais previstas para janeiro de 1938. Apesar de ter sido
desestimulado pelo presidente, desincompatibilizou-se
do governo paulista e lançou sua candidatura em fevereiro de 1937, recebendo o
apoio do governador gaúcho Flores da Cunha, então em aberto confronto com
Vargas, e também de grupos oposicionistas de outros estados. Para dar
sustentação à sua candidatura foi formada a União Democrática Brasileira (UDB),
cuja presidência lhe coube. Lançaram-se também nessa disputa o paraibano José
Américo de Almeida, apoiado pela maioria dos governadores e por membros do
governo federal, e também Plínio Salgado, lançado pela Ação Integralista
Brasileira (AIB). Vargas, contudo, tinha projetos continuistas
e, apoiado pelos generais Eurico Gaspar Dutra, ministro da Guerra, e Góes
Monteiro, chefe do Estado-Maior do Exército, fechou o Congresso Nacional e
cancelou as eleições em novembro de 1937, instituindo a ditadura do Estado
Novo.
Armando Sales passou, então, cerca de um ano em prisão domiciliar. Em
novembro de 1938 exilou-se na França, onde viveu até abril do ano seguinte,
quando transferiu-se para os Estados Unidos. No exílio, divulgou seguidos
manifestos contra a ditadura. Em 1943, fixou-se na Argentina, de onde retomou contatos
políticos com seus aliados no Brasil. Ao ser anistiado e voltar ao país em
abril de 1945, porém, encontrava-se já gravemente doente. Chegou a participar
da fundação da União Democrática Nacional (UDN), partido que reunia adversários
do Estado Novo, tendo sido nomeado membro de sua comissão diretora.
Morreu em São Paulo, em 1945.
Fonte: : http://www.cpdoc.fgv.br/comum/htm/
Maria Isabel Moura Nascimento
Maria Isabel Moura Nascimento
Data do Documento: 22/04/2004