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ARTUR BERNARDES

 

Artur da Silva Bernardes nasceu em Viçosa (MG), em 1875. Advogado, iniciou seus estudos na Faculdade Livre de Direito de Ouro Preto (MG) e concluiu-os na Faculdade de Direito de São Paulo, em 1900. Elegeu-se vereador em Viçosa, em 1904, pelo Partido Republicano Mineiro (PRM). Para impulsionar sua carreira política contou com a ajuda do sogro, Carlos Vaz de Melo, que detinha enorme influência na região, e de quem se tornou herdeiro político. Em 1907, deixou a Câmara Municipal de sua cidade para assumir uma cadeira de deputado estadual. Dois anos depois, chegava à Câmara Federal. Em setembro de 1910, assumiu a Secretaria de Finanças, cargo que ocupou até 1914. No ano seguinte, retornou à Câmara dos Deputados, onde permaneceu até 1918. Em setembro desse ano tornou-se presidente de Minas Gerais.

A eleição de Bernardes ao governo mineiro representava a ascensão de uma nova geração na política do estado. Seu governo foi marcado, entre outras coisas, pela oposição às atividades do empresário norte-americano Percival Farquhar, proprietário da Itabira Iron Ore Company.

Em 1922, chegou à presidência da República, após campanha eleitoral bastante acirrada. Apoiado por São Paulo, Bernardes teve que enfrentar o candidato da Reação Republicana, o ex-presidente Nilo Peçanha, que aglutinava o apoio dos estados do Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Durante a campanha, Bernardes foi atingido pelo episódio das "cartas falsas", quando foi acusado da autoria de cartas publicadas na imprensa contendo referências ofensivas ao marechal Hermes da Fonseca. Ainda durante a campanha ficou comprovado que as cartas haviam sido forjadas, mas a contestação ao nome de Bernardes nos meios militares já se tinha tornado irreversível. Apesar de tudo, acabou eleito no pleito realizado em março de 1922.

Antes de sua posse, porém, o cenário político seria agitado pela eclosão do primeiro da série de levantes tenentistas que marcariam a década de 1920 no Brasil. Incorformados com a eleição de Bernardes e também com o fechamento do Clube Militar e a prisão do marechal Hermes, ordenados pelo presidente Epitácio Pessoa após conflitos em torno da eleição para o governo pernambucano, jovens militares desencadearam no Rio de Janeiro uma fracassada rebelião com o objetivo de depor o governo federal. O levante, ocorrido o em julho de 1922, ficou conhecido como o 18 do Forte. Em novembro daquele ano, Bernardes tomou posse na presidência da República sob estado de sítio.

O tenentismo voltou a se manifestar em julho de 1924, quando um novo levante foi deflagrado, desta vez na capital paulista, com repercussões em outros estados. Os rebeldes assumiram o controle da cidade por três semanas, com o objetivo de depor Bernardes. Sem condições de enfrentar as tropas legalistas, os rebeldes paulistas se retiraram de São Paulo e se dirigiram ao estado do Paraná, onde se juntaram a revoltosos gaúchos e deram origem à Coluna Prestes, o exército guerrilheiro que durante dois anos percorreu o interior do Brasil em campanha contra o governo federal. Por conta desses episódios, o governo de Bernardes foi marcado pela forte repressão movida contra os setores oposicionistas - fossem ou não ligados aos militares rebeldes - e pela censura à imprensa.

Em novembro de 1926, passou o governo ao paulista Washington Luís e, em seguida, foi eleito para o Senado Federal.

Em 1930, apoiou a candidatura presidencial oposicionista de Getúlio Vargas, lançada pela Aliança Liberal, que reunia as oligarquias dirigentes dos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, e que contava também com o apoio da maioria dos "tenentes" que haviam se rebelado contra o seu governo anos antes. Com a derrota eleitoral de Vargas para o paulista Júlio Prestes, o candidato situacionista, iniciaram-se as articulações com o objetivo de promover a derrubada de Washington Luís pelas armas. Bernardes deu apoio a essas articulações que acabaram resultando no movimento iniciado em 3 de outubro de 1930 e que, de fato, levou Vargas ao poder.

Apesar de seu apoio à revolução, Bernardes logo passou a ter que enfrentar o processo de esvaziamento de sua influência política e do PRM, em função da criação da Legião Revolucionária em Minas Gerais. Em 1932, deu apoio ao Movimento Constitucionalista deflagrado em São Paulo contra o governo de Vargas, tentando sublevar a Força Pública de Minas Gerais em apoio aos paulistas. Por conta disso foi preso e enviado para o exílio em Portugal, onde permaneceu por cerca de um ano e meio.

Em outubro de 1934, logo após ter sido anistiado, elegeu-se deputado federal pelo PRM e passou a integrar a Minoria Parlamentar, bloco que fazia oposição a Vargas no Congresso. Apesar de sua postura oposicionista, deu apoio ao pedido de Vargas para instalar o estado de sítio após o levante promovido por setores de esquerda, em novembro de 1935.

Deu apoio à candidatura do governador paulista Armando de Sales Oliveira à presidência da República, tendo, inclusive, presidido a União Democrática Brasileira (UDB), efêmera organização criada para dar sustentação àquela candidatura. A eleição presidencial, prevista para o início de 1938, acabou cancelada pelo golpe do Estado Novo, em novembro do ano anterior, que resultou também no fechamento do Congresso. Durante a ditadura varguista teve seu movimentos severamente vigiados pelos órgãos de segurança, chegando a ser obrigado a se confinar em sua fazenda, em Viçosa.

Em 1943, foi signatário do Manifesto dos Mineiros, documento que rompeu com a censura ao exigir a volta do país ao regime democrático. Com a redemocratização em 1945, ingressou na União Democrática Nacional (UDN), mas logo a deixou para criar a sua própria agremiação, o Partido Republicano (PR). Deu apoio, contudo, a Eduardo Gomes, o candidato udenista na eleição presidencial de 1945.

Nesse mesmo ano, elegeu-se deputado federal constituinte e, em seguida, foi presidente da comissão de Segurança Nacional da Câmara dos Deputados. Em 1950, não conseguiu reeleger-se, mas como suplente assumiu diversas vezes o mandato na Câmara até 1954, quando voltou a conquistar um mandato efetivo. Nesse período, marcou sua atuação parlamentar pela defesa de teses nacionalistas, destacando-se na campanha pelo monopólio estatal do petróleo.

Morreu no Rio de Janeiro, em 1955.

 

Fonte: : http://www.cpdoc.fgv.br/comum/htm/

Maria Isabel Moura Nascimento

Data do Documento: 22/04/2004

Maria Isabel Moura Nascimento

Data do Documento: 22/04/2004

 

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