CARLOS LEÔNCIO DE CARVALHO [1]
Carlos Leôncio de Carvalho, segundo Lira (1949), nasceu em 18 de junho
de 1847, na cidade de Iguaçu, na província do Rio de Janeiro, era filho do Dr.
Carlos Antonio de Carvalho. Estudou na Faculdade de Direito de São Paulo, tendo
concluído seus estudos em 1868. Prestou concurso, em 1871, para professor nesta
Faculdade e nele foi aprovado, sendo nomeado membro catedrático em 1881. Foi
convidado para ocupar a pasta dos Negócios do Império no gabinete de 15 de
janeiro de 1878, tendo sido eleito deputado pela província de São Paulo neste
mesmo ano, permaneceu na Câmara até 1881. Leôncio de Carvalho, por meio do
Decreto de 19 de abril de 1879, reformou a instrução pública primária e
secundária no Município da Corte e o ensino superior em todo o Império, este
deu origem ao Pareceres/Projetos de Rui Barbosa intitulados Reforma do Ensino
Secundário e Superior (1882) e Reforma do Ensino Primário e várias Instituições
Complementares da Instrução Pública (1883). Nesse Decreto autorizava o governo
a criar ou auxiliar, nas províncias, cursos para o ensino primário, permitindo
que os escravos freqüentassem as escolas. Buscava também estimular a
alfabetização dos adultos, exigindo a leitura e escrita, dando preferência para
obtenção de empregos nas oficinas do Estado aos indivíduos que cursaram a
instrução primária. No Relatório de 1878, como Ministro, Leôncio de Carvalho
chamara a atenção da Assembléia Legislativa para a importância da criação de
cursos para o ensino primário destinado aos adultos devido a discussão, na
Câmara dos Deputados, da reforma do sistema eleitoral que colocava como
exigência que se soubesse ler e escrever para o exercício do voto. Instituiu a
liberdade de ensino e a liberdade de freqüência, tais medidas causaram muita polêmica,
recebendo críticas por facilitar o crescimento das escolas particulares e ser
sua proposta “excessivamente” liberal. Participou da organização da exposição
pedagógica, em 1883, em cujo congresso assumiu o cargo de secretário, bem como
foi presidente da Associação Propagadora dos Cursos Noturnos. Sua reforma
educacional marcou uma etapa importante na educação brasileira, mas provocou
também uma acirrada oposição que o levou a se demitir da pasta. Como deputado
por São Paulo, na tribuna da Câmara, defendeu das críticas, contudo ao terminar
seu mandato, não conseguiu ser reeleito. Na República, durante alguns meses,
assumiu o cargo de diretor da Faculdade de Direito de São Paulo. Exonerou-se
por ter entrado em conflito com seus colegas de congregação, contrários à
reforma da instrução pública feita pelo Governo Provisório, na qual colaborara.
Foi senador estadual no governo de Américo Brasiliense. Jubilou-se, mudou-se
para o Rio de Janeiro onde foi lente e diretor da Faculdade Livre de Direito.
Faleceu a 9 de fevereiro de 1912.