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GEORGE GARDNER[1]

 

Profissão: Botânico, zoólogo e médico. Nasceu em 1812, em Glasgow e faleceu em 1849. Chegou ao Brasil, aos 24 anos, vindo de Liverpool, com o espírito excitado pelas descrições extraordinariamente belas que recebeu de Humboldt e de outros viajantes sobre a beleza e variedade da natureza das regiões tropicais. Foi financiado por amigos ricos de seu professor William Hooker. Chegou ao Rio de Janeiro em 1836 e retornou à Inglaterra em 1841, zarpando do Maranhão. Voltou para a Europa com um acervo grandioso de milhares de espécies vegetais, tornando-se diretor do Jardim Botânico, no Ceilão, onde faleceu. Em suas andanças, passou por Pernambuco e Bahia registrando os feitos dos jesuítas, dando destaque para a cidade de Olinda com seu Jardim Botânico e seus colégios. Viajou por Alagoas e pelo Rio São Francisco, descrevendo as aldeias da região, enfatizando a sua produção. No Ceará, descreveu as manufaturas, a agricultura, a cultura, as festas religiosas e discorreu sobre o problema da seca. Ao passar por Piauí destacou o comércio e a guerra civil (a Revolta Balaiada). Chegou a Minas Gerais, visitando as áreas de mineração de ouro e diamante, onde a riqueza da flora o fascinou. Descreveu sua população, seus colégios, sua geologia, os modos de extração e o esmagamento do governo através do monopólio e a resistência através do contrabando. Realizou excursões pelo Brasil colhendo grande número de plantas tropicais, classificando-as com todo o rigor técnico e enviando-as para as coleções dos jardins de Kew e Glasgow. Escreveu Viagens no interior do Brasil: principalmente nas províncias do norte e nos distritos do ouro e do diamante durante os anos de 1836-1841, publicada em 1846, 1849 e em 1973, todas em inglês, sendo traduzida para o português apenas em 1942 e reeditada em 1975. Em sua obra faz uma descrição minuciosa do país, registrando seus aspectos físicos e as produções das regiões por onde passou. Tratou sobre a flora e fauna, das jazidas de minérios de ouro e ferro, sobre os transportes, sobre os homens e os costumes locais, sobre o caráter e as condições das diferentes raças. Na educação aponta para a escassez de livros e falta de interesse pela leitura, estando a educação ao alcance de poucos, às vezes sendo ministrada em casa. Por outro lado descreve os colégios e estabelecimentos onde se dava educação gratuita, mas que não tinha procura pela população indolente. Seus interesses são quase exclusivamente botânicos e geológicos, embora não tenha deixado de observar e anotar aspectos da sociedade brasileira e de ter interagido com a mesma, na figura de médico, chegando mesmo a exercer sua habilidade profissional em algumas fazendas. Foi um dos primeiros a fornecer alguns dados de maior interesse para a Etnologia.

 

 

 



[1] Verbete elaborado por Ana Paula Seco

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