Luís Carlos Prestes nasceu em
Porto Alegre, em 1898. Concluiu o curso de engenharia na Escola Militar do
Realengo, no Rio de Janeiro, em 1909. Em 1922, ainda no Rio de Janeiro,
participou de reuniões preparatórias do levante deflagrado contra o governo
federal em 5 de julho, que deu início ao ciclo de revoltas tenentistas. Não
chegou, porém, a participar das ações propriamente ditas por achar-se acamado
no momento da revolta, vítima de febre tifóide.
Em
setembro desse mesmo ano, foi transferido para o Rio Grande do Sul para servir
no 1º Batalhão Ferroviário, em Santo Ângelo. Comprometeu-se com o movimento
revolucionário de 1924, que se propunha a depor o presidente Artur Bernardes, e
por conta disso licenciou-se do Exército. Em julho, a capital paulista foi
palco de uma primeira tentativa revolucionária naquele ano, ficando a cidade
sob o controle dos rebeldes por três semanas. Comandados pelo general Isidoro
Dias Lopes e pelo oficial da Força Pública, Miguel Costa, os revolucionários paulistas,
após serem desalojados da capital pelas forças legalistas, rumaram para o
estado do Paraná. Em outubro, foi a vez das guarnições do interior do Rio
Grande do Sul se sublevarem lideradas por Prestes e contando, ainda, com o
apoio de tropas irregulares comandadas por caudilhos gaúchos. Derrotados, os
rebeldes rio-grandenses também rumaram para o Paraná, onde encontraram, em
abril de 1912, as forças paulistas.
Os dois
grupos rebeldes, então, se unificaram, ficando o comando do novo exército
revolucionário dividido entre Prestes e Miguel Costa, enquanto Isidoro Dias
Lopes, devido à sua idade já avançada, dirigiu-se para a Argentina com a função
de organizar, de lá, a rede de apoio externo ao movimento. Por quase dois anos
a Coluna Prestes - como acabou ficando conhecida - percorreu cerca de 25 mil
quilômetros pelo interior do Brasil, passando por 13 estados da federação. A
inviabilidade de seu objetivo - a derrubada do governo federal - acabou, porém,
por levá-la a deixar o território brasileiro em fevereiro de 1927,
internando-se na Bolívia. Apesar de fracassada em seu intento, a Coluna jamais
sofreu qualquer derrota para as forças legalistas que a perseguiram por todo o
período, o que proporcionou a Prestes enorme prestígio militar e político,
valendo-lhe, ainda, o título de Cavaleiro da Esperança
Na
Bolívia, Prestes fixou-se em La Gaíba e assinou contrato com a Bolivian Company
Limited, companhia inglesa de colonização, para trabalhar, junto com cerca de
400 homens que ainda permaneciam sob seu comando, em obras de saneamento e
abertura de estradas. Em dezembro de 1927, foi procurado por Astrojildo
Pereira, secretário geral do Partido Comunista Brasileiro, então Partido
Comunista do Brasil (PCB), que lhe levou obras marxistas e lhe propôs uma
aliança política, rejeitada por Prestes.
No final
de 1928, transferiu-se para a Argentina, onde trabalhou como engenheiro. Nessa
época, estudou o marxismo e aderiu ao socialismo, travando contato com
importantes líderes comunistas, como o argentino Rodolfo Ghioldi e Abraham
Guralski, dirigente da Internacional Comunista (IC). No ano seguinte, recebeu
convite do PCB para candidatar-se à presidência da República, mas recusou-se
por achar o programa do partido demasiadamente radical.
Por
outro lado, foi assediado por seus antigos companheiros para aderir à campanha
presidencial da Aliança Liberal, chapa de oposição que lançara Vargas à
presidência, concorrendo com o paulista Júlio Prestes, candidato indicado pelo
presidente Washington Luís. Manteve dois encontros com Getúlio Vargas em Porto
Alegre, para onde se dirigiu clandestinamente, mas não chegou a qualquer acordo
com o líder da Aliança Liberal. Após a derrota eleitoral de Vargas, em março de
1930, foi novamente procurado por líderes da Aliança, que dessa vez o convidaram
a assumir a chefia militar do movimento que se preparava contra Washington
Luís. Por considerar que tal movimento não resultaria em nada mais que uma
simples troca de oligarquias no poder, negou-se a apoiá-lo.
Ainda em
1930, criou em julho a Liga de Ação Revolucionária (LAR), organização que
obteve pouquíssimas adesões e logo seria extinta. Nesse momento, passou a
utilizar-se de categorias marxistas em suas análises e pronunciamentos, mas seu
relacionamento com o PCB acabou dificultado pelo processo de radicalização à
esquerda pela qual passava o partido, que envolvia, inclusive, a substituição
dos intelectuais que ocupavam postos em sua direção por elementos oriundos da
classe operária. Transferiu-se, em seguida, para Montevidéu.
Em
novembro de 1931, foi morar na União Soviética a convite do governo daquele
país. Lá, trabalhou como engenheiro e dedicou-se ao estudo do
marxismo-leninismo. Por pressão dos dirigentes soviéticos foi aceito, em agosto
de 1934, como membro do PCB. Logo depois, participou de uma reunião em Moscou
na qual, a partir de informes levados por representantes brasileiros,
decidiu-se promover uma revolução armada no Brasil, cabendo a Prestes
dirigi-la. Assim, em dezembro daquele ano, deixou a União Soviética com destino
ao Brasil, acompanhado por Olga Benário, militante da IC, com quem se casara.
Ao chegar ao Brasil, o casal manteve-se na clandestinidade.
Paralelamente
a isso, em princípios de 1935, foi fundada no Brasil a Aliança Nacional
Libertadora (ANL), frente política que aglutinava tenentes decepcionados com o
governo Vargas, socialistas e comunistas, unificados por um programa de
conteúdo antifascista
e antiimperialista. Em março, na sessão de lançamento da ANL no Rio de Janeiro,
o nome de Prestes foi entusiasticamente aclamado como presidente de honra da
organização. Sempre na clandestinidade, assistiu ao enorme crescimento da ANL
nos meses seguintes e buscou restabelecer antigos contatos nos meios militares
para desencadear a revolução. Em julho, divulgou manifesto em que, num tom
bastante exaltado, pregava a derrubada do governo e exigia todo o poder à ANL.
Vargas aproveitou a ocasião para jogar a organização na ilegalidade, o que fez
com que muitos de seus dirigentes e militantes criticassem mais tarde a postura
de Prestes. Apesar da ANL passar por forte refluxo organizativo nos meses
seguintes, Prestes e seus colaboradores mais próximos continuaram a preparar o
levante para depor Vargas. Em novembro, a insurreição teve início na cidade de
Natal (RN), logo seguida por guarnições do Exército em Recife e no Distrito
Federal. O governo, contudo, controlou facilmente a situação e desencadeou
violenta repressão aos grupos de oposição, vinculados ou não ao levante. Em
março de 1936, Prestes e Olga Benário foram presos. Meses depois, Olga,
grávida, foi entregue pelas autoridades brasileiras ao regime nazista
da Alemanha, onde morreu executada . A filha do casal, Anita Leocádia Prestes,
nascida em um campo de concentração nazista, acabou sendo resgatada por sua avó
paterna, após intensa campanha internacional.
Em 1943,
ainda na prisão, foi eleito secretário-geral do PCB. Com a redemocratização do
país em 1945, foi libertado, ao mesmo tempo em que o PCB conquistava a
legalidade. Nesse momento, em nome da união nacional, aproximou-se de Vargas,
que segundo ele deveria conduzir a reconstitucionalização do país, bem como o processo
de sucessão presidencial. Nas eleições realizadas em dezembro daquele ano, após
a deposição de Vargas, elegeu-se senador pelo Distrito Federal e participou, no
ano seguinte, da elaboração da nova Constituição do país.
O
confronto internacional entre os dois grandes blocos de países surgidos após o
fim da Segunda Guerra Mundial, a chamada Guerra Fria, e seus reflexos no
Brasil, voltaram a jogar o PCB na ilegalidade. Em maio de 1947, o registro do
partido foi cancelado e, em janeiro do ano seguinte, seus parlamentares, entre
eles Prestes, foram cassados.
Voltou,
então, a viver na clandestinidade. Em 1950, negou-se a apoiar qualquer
candidato nas eleições que reconduziram Vargas ao poder, refletindo o momento
de isolamento vivido pelo PCB. Fez oposição ao novo governo, até ser
surpreendido pelo suicídio de Vargas em agosto, de 1954. No ano seguinte,
apoiou a eleição de Juscelino Kubitscheck e voltou a apresentar-se
publicamente, embora o partido continuasse na ilegalidade. No começo da década
de 60 deu apoio ao governo de João Goulart, a quem pressionava para que
acelerasse a realização das chamadas reformas de base propostas pelo próprio
presidente. Com o golpe militar de 1964 e a volta do país ao regime ditatorial,
foi obrigado, mais uma vez, a viver na clandestinidade. Em 1971, deixou o país
e exilou-se na União Soviética. Voltou anistiado ao Brasil em 1979, quando já
se manifestavam sérias divergências no interior do PCB, que acabaram levando ao
seu afastamento da secretaria-geral e, em seguida, à sua saída do partido que
dirigira por mais de 30 anos.
Na
década de 80, orientou seus seguidores a ingressar no Partido Democrático
Trabalhista (PDT), agremiação liderada por Leonel Brizola.
Morreu
no Rio de Janeiro, em 1990 aos 92 anos de idade.
Colaboradores Alunos do curso de Pedagogia UEPG
Maria Isabel Moura NASCIMENTO/UEPG
Fonte: : http://www.cpdoc.fgv.br/comum/rmal>Colaboradores Alunos do curso de Pedagogia UEPG
Maria Isabel Moura NASCIMENTO/UEPG
Fonte: : http://www.cpdoc.fgv.br/comum/htm/
Data do Documento: 22/04/2004