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RICHARD FRANCIS BURTON [1]

 

Profissão: Viajante, Cônsul e escritor. Nasceu na Inglaterra, em Hertfordshire, em março de 1821, vindo a falecer em outubro de 1890, em Trieste. Viajante, poliglota (aprendeu o francês, o italiano, ainda na infância, dedicando-se também ao grego, ao latim e ao árabe), tradutor e escritor, esteve no Oriente Médio, na África e nos Estados Unidos, além da América do Sul. Pelos lugares que passava procurava aprender a língua, conhecer os costumes e a religiosidade do povo, deixando das muitas viagens diversas obras, além de ter escrito poemas e também possuir diversas biografias. Traduziu para o português inúmeras obras das culturas que visitou para o inglês, como As mil e uma noites, o Kama Sutra e Os Lusíadas, antes mesmo de vir para o Brasil, fato que demonstra seu amplo domínio da língua quando da sua viagem aos planaltos brasileiros. Em 1842, entrou para o serviço militar na Índia, no contingente da Companhia das Índias Orientais, gigantesca empresa comercial britânica que detinha os direitos exclusivos de comércio na Índia e em outros lugares do Oriente.

Burton participou ativamente em atividades na Ásia Central e Ocidental e na África, como profundo conhecedor das línguas e costumes das culturas locais. O amplo saber etnográfico que acumulou na Ásia, no Oriente Médio, na África e na América foi significativo para sua atuação política e para a compreensão do colonialismo britânico nessas regiões, e no Império brasileiro em particular. Em 1861 ingressou na carreira consular, no Ministério do Exterior da Inglaterra, vindo para Santos, como cônsul britânico, em 1865, permanecendo até 1868. Sua condição de cônsul abriu-lhe a possibilidade de viajar pelo interior do país e pela América do Sul. Tamanha é a importância da obra resultante de sua estadia aqui, que Burton é mais lembrado pelo livro que escreveu sobre o Brasil do que como cônsul da Sua Majestade Britânica. Uma vez no Brasil, empreendeu ousada viagem pelo rio São Francisco, registrando, num diário, suas aventuras, além de observações cuidadosas acerca da natureza, da economia da região, do aproveitamento do rio para a navegação e para a economia da população ribeirinha. Seus escritos contêm vários apontamentos sobre os problemas locais e nacionais, indo além de uma simples preocupação com o pitoresco; analisou as inadequações das ferrovias, das estradas, das vantagens do trabalho do imigrante europeu, por exemplo, e fez várias sugestões de melhoramentos em diversas áreas. Permaneceu pouco tempo em Santos, sede do consulado inglês em São Paulo. Foi casado com a irlandesa Isabel Arundel, ardente católica e conhecedora da língua portuguesa, que o acompanhava em algumas de suas viagens, sendo importante colaboradora de sua extensa obra. Além de colaboradora do marido Isabel Burton também publicou a biografia do marido intitulada The life of Capitain Sir Richard F. Burton, em 1893, composta de dois volumes. Burton esteve em Santos, São Paulo e Minas Gerais. Escreveu Explorations of the Highlands of the Brasil, publicado em 1869. Esta obra é um testemunho privilegiado e repleto de observações preciosas acerca dos significados da escravidão e dos costumes no Brasil. Até porque sua experiência como viajante e diplomata, assim como o conhecimento de outros povos ligado ao Império Britânico o tornaram um personagem de destaque no século XIX. Para conhecer nossa nação estudou o português e o tupi, conhecendo a fundo a literatura erudita e popular do Brasil, fazendo várias traduções para o inglês. Burton era um erudito, antropólogo, naturalista, folclorista e acima de tudo um grande observador. Fez relatórios geográficos sobre a província de São Paulo e outras regiões; sobre o porto de Santos. Aponta as facilidades de se enriquecer no Brasil. Freqüentemente faz comparações com a Inglaterra. Analisa o aproveitamento dos rios para o transporte, sobre as dificuldades das vias de comunicação e a importância das ferrovias; além dos costumes, religião e festas . Vê a “escola como lugar para a preparação para o futuro”, estando esta ao alcance da maioria da população. Aponta para as deficiências do ensino pelo qual “não se pode adquirir ciência moderna, nem artes mecânicas”. Os livros eram ainda raros e caros, sendo o jornal o “alimento literário” da população, que poderia ser o meio para alcançar o progresso, apesar da linguagem violenta.

 





[1] Verbete elaborado por Ana Paula Seco

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