Após
a libertação dos escravos, a fim de substituir a mão-de-obra por eles
proporcionada, o Brasil abriu suas portas à imigração. São Paulo se
tornou, assim, o maior centro econômico
da nação. Após algum tempo nas plantações, esses imigrantes, [...] escolheram
ir para as cidades para poderem exercer atividades industriais e artesanais que
já praticavam em seus países de origem. (HIlSDORF,2003,p.58). Contribuíram com
o aparecimento de um proletariado urbano, que além de uma nova força de trabalho,
trazia também novas idéias. Muitos deles, principalmente os espanhóis,
portugueses e italianos, traziam o ideário do anarquismo em suas mentes. A
palavra anarquia vem do grego e significa “sem governante”, sendo assim esta
palavra [...] pode ser usada para expressar tanto a condição negativa de
ausência de governo, quanto a condição positiva de não haver governo por ser
ele desnecessário à preservação da ordem.(WOODCOCK, 2002, p.8).Outra explicação
histórica do termo nos é dada por Leuenroth que nos conta que na Grécia, por
volta de 478 A.C. , existiu um homem chamado Arquias que escravizava e
barbarizava o povo que se reuniu para protestar contra ele, An-Arquias eram os
que se opunham a ele, já que o prefixo “An” significa negação (“não”) na língua
grega. O Anarquismo, como movimento, é um “[...] sistema de pensamento social
visando a modificações fundamentais na estrutura da sociedade, com o objetivo
de substituir a autoridade do Estado por alguma forma de cooperação não
governamental entre indivíduos livres” (FAUSTO, 1977, p.63). Liberdade,
responsabilidade e autodisciplina são as palavras de ordem do movimento
Para os anarquistas o futuro da humanidade exclui todo principio de
autoridade, de domínio e de exploração do homem pelo homem. O sujeito que segue
as idéias anarquistas é um cidadão, [...] que não quer ser oprimido, mas também
não quer oprimir, que não quer ser explorado, mas também não quer explorar, que
não quer ser iludido mas também não quer iludir os outros [...]” ( LEUENROTH,
1963, p. 22). É preciso que o ideal anarquista seja profundamente conhecido e,
para que isto ocorra, são organizados grupos, publicados folhetins e jornais,
panfletos e livros, bem como realizadas conferencias e comícios, para espalhar
os ideais. Tolstoi, Godwin, Proudhon e Kropotkin foram os maiores pensadores do
anarquismo e vem deles as divergências quanto à maneira de atingir seus
objetivos: Tolstoi não admitia a violência, Godwin procurava alcançar a mudança
através da palavra, Proudhon acreditava que a proliferação pacífica de
organizações cooperativas os levaria a vitória, somente Kroptkin aceitava a
violência, mesmo assim com relutância, pois via nela uma ação inevitável para
aqueles que buscavam uma revolução social. Seus respectivos
discípulos pregavam o que seu mestre ensinava , portanto “[..] os heróis de
ações violentas foram bem menos numerosos do que os paladinos das
palavras.(WOODCOCK, 2002, p.15).O movimento anarquista possui três variantes
mais conhecidas: o coletivismo, a
anarco-comunismo, e o anarco-sindicalismo.O coletivismo, substitui a
propriedade individual pela idéia de propriedade gerida por instituições
voluntárias, que dariam a cada operário o direito sobre o produto de seu
trabalho.O anarco–comunismo tem como lema: “De cada um, de acordo com seus
meios; a cada um de acordo com suas necessidades.” (WOODCOCK, 2002, p.21) e os
anarco-sindicalistas dão valor aos sindicatos de classes como instrumento
revolucionário tendo na greve sua mais poderosa arma de luta para a
construção de uma sociedade livre.
BIBLIOGRAFIA
FAUSTO, B, Trabalho urbano e conflito social.Ed.Difel,1977,Rio
de Janeiro,RJ.
HILSDORF,M.L.S. História da
Educação Brasileira: leituras.Ed.Thompson,2003,São Paulo, SP.
LEUENROTH, E.Anarquismo:
roteiro de libertação social.Ed.Mundo Livre, 1963, Rio de Janeiro,RJ.
WOODCOCK, G. História das
idéias e movimentos Anarquistas.,Ed.L&PM Pocket, 2002, Porto Alegre, RS
Responsável pela pesquisa:
Responsável pela pesquisa: Aracely
Mehl Gonçalves e Profa.Dra Maria Isabel Moura Nascimento
Responsável pela redação: Aracely
Mehl Gonçalves
Colaboradores: Arquivo Edgard Leuenroth,
Unicamp./Universidade Estadual de Ponta Grossa