ARQUITETURA ESCOLAR[1]
Dentro
das novas discussões acerca das fontes historiográficas, percebe-se que é
possível construir a História da Educação tendo a arquitetura escolar como
fonte, principalmente quando se faz uma
pesquisa acerca de instituições escolares que surgiram a partir da Proclamação
da República (1889), momento em que
ocorreu um aumento da preocupação com
a construção de prédios específicos para a educação.
Estes
edifícios passaram a dialogar com as discussões do final do século XIX acerca da
urbanidade, do higienismo e da necessidade da educação para alcançar o
progresso. Sobre o assunto assim registrou Rosa Fátima Souza:
“O
edifício escolar torna-se portador de uma identificação arquitetônica que o
diferenciava dos demais edifícios públicos e civis ao mesmo tempo em que o
identificava como um espaço próprio – lugar específico para as atividades de
ensino e do trabalho docente.” (Souza, 1998, p. 123)
No
início da República prevaleceu uma atitude otimista com relação à escola, sendo
esta vista como “redentora do pecado da ignorância” e “fator do progresso
social”. Os arquitetos dialogavam com os responsáveis pelos caminhos da
educação. Neste período predominou a
“arquitetura neoclássica”, caracterizada por “(...) edifício imponente, hall
de entrada primoroso, escadarias, eixo simétrico, duas alas, pátio interno
(como o dos claustros), corredores internos, janelas verticais grandes e
pesadas, acabamento com materiais nobres.” (Buffa, 2005, p. 108)
Através
da implantação de novas propostas educacionais pode-se encontrar também
mudanças na arquitetura escolar, já que a mesma dialoga com o momento histórico
escolar. Buffa (2005), analisando a arquitetura escolar no Estado de São Paulo,
detecta ainda outros momentos diferenciados no processo de construção das
escolas. O segundo momento de transformação na arquitetura escolar estaria
ligado ao movimento escolanovista, mais centrado nas questões dos alunos e no
quantitativo escolar e refletiu então na construção de espaços mais modernos.
“(...) Formas geométricas simples, uso de novos materiais como o concreto
armado, novas técnicas construtivas, não mais simetria perfeita, ausência de
colunas e ornamentos, pátios internos sob pilotis e grandes aberturas
envidraçadas.” (Buffa, 2005, p. 108)
Os
momentos seguintes de transformações (anos 1950 e anos 60) estiveram
intimamente ligados às políticas públicas e às necessidades de aumento do
número de escolas no Estado. Devido à necessidade de ampliação do número de
vagas escolares, foram projetados edifícios mais utilitários, baratos , de
construção rápida e que não eram
diferentes de qualquer outro edifício público. A partir da década de 1960 houve
uma mudança do “qualitativo” para o “quantitativo”. Pode-se levar em consideração
que este discurso arquitetônico esteve
presente também em todo o Brasil, onde a
arquitetura escolar foi também um reflexo das políticas governamentais, do
discurso pedagógico e das necessidades da comunidade local.
BIBLIOGRAFIA:
BENCOSTTA, Maucus Levy (org.). História
da educação, arquitetura e espaço escolar. São Paulo: Cortez, 2005
BUFFA, Ester. Práticas e fontes
de pesquisa em história da educação. In: GATTI Jr., Décio e INÁCIO FILHO,
Geraldo (orgs.). História da educação em perspectiva. Ensino, pesquisa,
produção e novas investigações. Campinas,SP: Autores Associados;
Uberlândia, MG: EDUFU, 2005.
SOUZA,
Rosa Fátima. Templos de civilização. A implantação da escola primária graduada
no Estado de São Paulo (1890-1910). São
Paulo: UNESP, 1998.