AULAS RÉGIAS[1]
As aulas
régias compreendiam o estudo das humanidades, sendo pertencentes ao Estado e
não mais restritas à Igreja - foi a primeira forma do sistema de ensino público
no Brasil. Apesar da novidade imposta
pela Reforma de Estudos realizada pelo Marquês de Pombal, em 1759, o primeiro
concurso para professor somente foi realizado em 1760 e as primeiras aulas
efetivamente implantadas em 1774, de Filosofia Racional e Moral. Em 1772 foi
criado o Subsídio Literário, um imposto que incidia sobre a produção do vinho e
da carne, destinado à manutenção dessas aulas isoladas. Na prática o sistema
das Aulas Régias pouco alterou a realidade educacional no Brasil, tampouco se
constituiu numa oferta de educação popular, ficando restrita às elites locais.
Ao rei cabia a criação dessas aulas isoladas e a nomeação dos professores, que
levavam quase um ano para a percepção de seus ordenados, arcando eles próprios
com a sua manutenção. Azevedo (1943, p. 315) menciona a abertura de uma aula
régia de desenho e de figura, em 1800, nas principais cidades da orla marítima
e em algumas raras do planalto e do sertão. Em 1816 consta que o pintor Manoel
da Costa Athaíde solicitou uma aula régia de desenho em Vila Rica, obtendo a
aprovação.
A permanência praticamente inalterada do sistema das Aulas Régias no Brasil da virada do
século XVIII para o seguinte, estendendo-se ainda durante o primeiro reinado,
deveu-se à continuidade dos modelos de pensamento em nossa elite cultural.
Existiu um grande descompasso entre o pretendido pelo governo monárquico –
tanto o português quanto o brasileiro, após a independência – e aquilo que as
condições sociais e econômicas viriam permitir, dentro de um modelo produtivo
excludente, escravista e pautado numa mentalidade que contribuía para se perpetrar
tal situação. (CARDOSO, 2004, p. 190)
Referências bibliográficas:
AZEVEDO,
Fernando. O sentido da educação colonial. In: A Cultura Brasileira. Rio de Janeiro: Serviço Gráfico do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, 1943. p.289-320.
CARDOSO,
Tereza Fachada Levy. As Aulas Régias no Brasil.In: STEPHANOU, Maria; BASTOS,
Maria Helena Câmara. Histórias e
Memórias da Educação no Brasil: Vol. I. - Séculos XVI-XVIII. Petrópolis:
Editora Vozes, 2004. p.179-191.
As
Luzes da Educação: fundamentos,
raízes históricas e prática das aulas régias no Rio de Janeiro – 1759-1834.
Bragança Paulista; Editora da Universidade São Francisco, 2002.