Congresso Mineiro de Educação[1]
Evento promovido, em 1983, pelo primeiro governo mineiro, eleito por
voto direto, após o regime militar e pela Secretaria de Estado da Educação de
Minas Gerais, visando fazer diagnóstico da situação do ensino em Minas Gerais.
Partiu das demandas oriundas dos movimentos sociais e das bandeiras de lutas
dos trabalhadores em geral e dos trabalhadores da educação em especial,
sintetizadas no documento Educação para a
Mudança. Este documento, distribuído para as Delegacias Regionais de
Ensino, para as escolas e publicado no Diário Oficial Minas Gerais, de 1º de junho de 1983, trazia os temas fundamentais
da pauta do Congresso (1983, p. 5-7): "1) restabelecimento da dignidade da
escola pública, para que esta desempenhe seu papel de democratizadora da
cultura e do saber acumulados pelo conjunto da sociedade; 2) valorização dos
profissionais da educação; 3) melhoria da qualidade do ensino; 4) recuperação
da Secretaria de Estado da Educação como espaço de discussão sistemática e
constante da Educação e do Ensino em Minas Gerais; 5) descentralização
administrativa e pedagógica e gestão participativa da comunidade; 6)
desenvolvimento de ações que contribuam para a erradicação do analfabetismo em
Minas Gerais; 7) atendimento à criança em idade pré-escolar, preferencialmente
nas camadas mais pobres da sociedade; 8) redefinição da política de educação
especial; 9) planejamento da expansão da rede oficial de ensino de 2º Grau; 10)
implantação de uma política de assistência ao educando, regida por critérios de
apoio às classes marginalizadas dos bens
produzidos no campo social e econômico; 11) realização do Congresso Mineiro de
Educação, que propicie uma ampla discussão a partir da realidade municipal e regional
e ofereça subsídios para a produção de um projeto educacional para Minas
Gerais". O documento - Congresso Mineiro de Educação: o desafio da mudança da escola pela
participação de todos (1983, p.1) -
explicitava seus objetivos: "a) realizar um diagnóstico da escola e
dos processos educacionais, mediante a manifestação dos profissionais
envolvidos na prática educacional. b) sistematizar as ações alternativas para o
ensino, mediante o resultado de experiências positivas de várias escolas, em
diversas partes do Estado de Minas
Gerais. c) conhecer as propostas alternativas para a educação; propostas que
devem originar das unidades escolares e a partir dos problemas enfrentados
pelos profissionais da educação e que devem refletir a preocupação com a
melhoria da educação no Estado".. Coordenado pelo Superintende Educacional
– Neidson Rodrigues – com a participação das escolas públicas estaduais e das
instituições de ensino superior formadoras de educadores, o Congresso foi
organizado em quatro etapas: 1) Encontros Municipais; 2) Assembléia
Municipal; 3) Encontros Regionais e 4) Encontro Estadual; delas resultando o documento denominado Diretrizes para a Política de Educação de
Minas Gerais (1983), que serviu
de base para a elaboração do Plano Mineiro de Educação - 1984/87 (1983).
Segundo estudos de Silva (1994), o Congresso recuperou, pela via da
participação, as diversas instituições e demandas oriundas do movimento social,
as quais foram devolvidas de forma refuncionalizada pelo Projeto de Educação para a Mudança (1983). Todavia, medidas administrativas gestadas durante o primeiro
governo - Tancredo Neves - e efetivadas, pelo segundo governo - Newton Cardoso
- via Secretarias de Estado da Administração e da Fazenda, prejudicaram a
organização do trabalho escolar e precarizaram as condições de trabalho dos
profissionais da educação, inviabilizando as propostas progressistas emergentes
desse Congresso.
(Ver Referências
Historiográficas Congresso
Mineiro de Educação)