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Escola Moderna nº 1[1] - Estabelecimento de instrução e educação

 

A Escola Moderna nº 1 foi fundada em 13 de maio de 1912 como concretização dos trabalhos do Comitê pró-Escola Moderna de São Paulo, formado por anarquistas e livres pensadores. O Comitê foi instituído em novembro de 1909 a partir das manifestações contra o fuzilamento na Espanha de Francisco Ferrer y Guardia, recebendo apoio de sindicatos e da Confederação Operária Brasileira (COB).  A escola foi instalada inicialmente na Rua Saldanha Marinho, 66, Belenzinho (em 1915 mudou-se para a Rua Celso Garcia, 262, onde funcionou até ser fechada). O diretor escolhido foi João de Camargo Penteado, que se ausentou em 1917 por um curto período, sendo substituído pelo militante anarquista e professor Florentino de Carvalho (pseudônimo de Primitivo Soares). O estabelecimento, desde a fundação, atendia meninos e meninas em classes mistas. Sua proposta curricular foi baseada no racionalismo criado por Francisco Ferrer, abrangendo leitura, caligrafia, gramática, aritmética, geografia, geometria, botânica, geologia, mineralogia, física, química, história, desenho, datilografia, entre outros conteúdos. Também eram realizadas excursões para que os alunos e alunas tivessem contato com a realidade cotidiana. A Escola era paga, diferenciando os valores das parcelas para alunos iniciantes e avançados, bem como para os adultos que freqüentavam o curso noturno. Para atingir seus objetivos pedagógicos, também foi criado, em conjunto com a Escola Moderna nº 2, o jornal denominado O Início. Dirigido e redigido pelos alunos, este jornal visava divulgar trabalhos escritos, fornecer informações de atividades sociais, debater a conjuntura nacional e internacional, registrar e rememorar as datas e fatos relevantes do movimento operário. As duas Escolas Modernas de São Paulo editaram o Boletim da Escola Moderna, a exemplo do que ocorria na Escola Moderna de Barcelona (1901-1906). Durante sua existência, a freqüência mensal de alunos oscilou entre 45 a 50 no período diurno e de 12 a 15 no noturno. As atividades escolares foram encerradas no ano de 1919, após a morte do diretor da Escola Moderna de São Caetano, vítima de explosão ocorrida em uma casa no Brás. Este fato serviu como justificativa para que o Diretor Geral de Instrução Pública do Estado de São Paulo, Oscar Thompson, caçasse, em caráter definitivo, a licença de funcionamento da Escola Moderna nº 1 e nº 2. Os recursos impetrados e o habeas corpus não surtiram efeito e as Escolas Modernas de São Paulo e de São Caetano foram definitivamente fechadas. Posteriormente, a Escola Moderna cedeu lugar à Academia de Comércio Saldanha Marinho, depois chamada de Colégio Saldanha Marinho, porém o estabelecimento já não conservava a filosofia de educação do racionalismo. Ainda assim, professor João Penteado continuou como diretor até a data de seu falecimento, ocorrido em 31 de dezembro de 1965.

 

Fonte:

LUIZETTO, Flávio V. Presença do anarquismo no Brasil: um estudo dos episódios literário e educacional – 1900/1920. Tese doutorado USP. São Carlos, 1984.

MORAES, José Damiro de. A trajetória educacional anarquista na Primeira República: das escolas aos centros de cultura social. Dissertação mestrado. Unicamp, SP: 1999.



[1] Verbete elaborado por José Damiro de Moraes

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