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Escola Moderna nº 2[1]

 

A Escola Moderna nº 2 foi fundada em 1912, como concretização dos trabalhos do Comitê pró-Escola Moderna de São Paulo, formado por anarquistas e livres pensadores. O Comitê foi criado em novembro de 1909 a partir das manifestações contra o fuzilamento na Espanha de Francisco Ferrer y Guardia, recebendo apoio de sindicatos e da própria Confederação Operária Brasileira (COB). O professor Adelino Tavares de Pinho foi o primeiro diretor da escola, permanecendo na função até seu fechamento. A escola foi instalada inicialmente na Rua Müller, depois mudou-se para a Rua Oriente, 166 e, finalmente, fixou-se na Rua Maria Joaquina, 13. Desde a fundação, atendia meninos e meninas em classes mistas. Sua proposta curricular foi baseada no racionalismo criado por Francisco Ferrer, abrangendo leitura, caligrafia, gramática, aritmética, geografia, geometria, botânica, geologia, mineralogia, física, química, história, desenho, datilografia, entre outros conteúdos. Também eram realizadas excursões para que os alunos e alunas tivessem contato com a realidade cotidiana. O horário de funcionamento era assim organizado: ensino primário e médio para crianças e jovens (das 11h às 16h) e adultos (das 19h às 21h). A Escola era paga, diferenciando os valores das parcelas para alunos iniciantes e avançados, bem como para os adultos que freqüentavam o curso noturno. Para atingir seus objetivos pedagógicos, também foi criado, em conjunto com a Escola Moderna nº 1, o jornal denominado O Início. Dirigido e redigido pelos alunos, este jornal visava divulgar trabalhos escritos, fornecer informações de atividades sociais, debater a conjuntura nacional e internacional, registrar e rememorar as datas e fatos relevantes do movimento operário. As duas Escolas Modernas de São Paulo editaram o Boletim da Escola Moderna, a exemplo do que ocorria na Escola Moderna de Barcelona (1901-1906). As atividades escolares foram encerradas no ano de 1919, após a morte do diretor da Escola Moderna de São Caetano, vítima de explosão ocorrida em uma casa no Brás. Este fato serviu como justificativa para que o Diretor Geral de Instrução Pública do Estado de São Paulo, Oscar Thompson, caçasse, em caráter definitivo, a licença de funcionamento da Escola Moderna nº 1 e nº 2. Os recursos impetrados e o habeas corpus não surtiram efeito e as Escolas Modernas de São Paulo e de São Caetano foram definitivamente fechadas. Adelino de Pinho seguiu para o interior, Poços de Caldas (MG) e continuou seu trabalho com a educação racionalista por mais alguns anos.

 

Fonte:

CANDIDO, Antônio. Teresina e seus amigos.  São Paulo: Paz e Terra, 1996.

LUIZETTO, Flávio V. Presença do anarquismo no Brasil: um estudo dos episódios literário e educacional – 1900/1920. Tese doutorado USP. São Carlos, 1984.

MORAES, José Damiro de. A trajetória educacional anarquista na Primeira República: das escolas aos centros de cultura social. Dissertação mestrado. Unicamp, SP: 1999.



[1] Verbete elaborado por José Damiro de Moraes

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