Fundação da Vila de São Vicente[1]
Nos tempos da fundação da
Vila de São Vicente, as mais nobres famílias tupis dominavam as terras que
Martim Afonso de Sousa tomaria em nome do Rei de Portugal.
Os tupis eram formados
por diversos grupos indígenas, em especial tamoio, carijó, tupiniquim e biobeba. O maior orgulho para a maioria das tribos era a força de seus guerreiros, tanto que eram reconhecidos
pelos portugueses por suas habilidades durante as batalhas.
Naquela época, os tamoios eram maioria em São Vicente e a convivência deles com os portugueses era pacífica. Tanto
que despertou a atenção da Igreja Católica, que achava que o relacionamento com
os índios era uma deformação moral na conduta dos colonizadores. Isso porque os
primeiros colonos logo adotaram os usos e costumes indígenas, em especial a
poligamia.
De acordo com os registros, nos primeiros tempos, só
vinham da Europa homens solteiros ou casados que deixavam lá suas famílias.
Depois de meses no mar, mantendo contato com a simplicidade da moral indígena,
eles entregavam-se ao concubinato. A situação era preocupante e surpreendeu os
jesuítas recém-chegados que, além da missão de catequizar os indígenas, também
trabalharam para que os portugueses recuperassem sua condição de civilidade.
Mas nem todos os índios eram temidos pela Igreja. O
Cacique Tibiriçá foi um forte aliado dos jesuítas e amigo dos portugueses. Chefe de uma grande nação indígena e sogro do português João
Ramalho, que vivia em São Vicente desde 1493, ele comandou o
desarmamento frente à esquadra de Martim Afonso de Sousa, garantindo a chegada
tranqüila do fundador à nova terra.
Conta a história que, ao saber da
aproximação das naus, Tibiriçá reuniu 500 homens armados com arcos e flechas e
preparados para o ataque. João Ramalho, reconhecendo
que a expedição era portuguesa, intermediou as conversações entre os
colonizadores e o sogro. Tibiriçá e Martim Afonso de Sousa negociaram a paz e
recolheram as armas.
Pouco tempo depois, atendendo a um pedido dos jesuítas,
Tibiriçá transferiu sua tribo para um local próximo ao Colégio de São Paulo,
com o objetivo de garantir a segurança. O Cacique cumpriu sua promessa e deu
outra prova de fidelidade e amizade aos colonizadores quando impediu, com
bravura, um ataque à Vila de São Paulo de Piratininga, em 1562. Sob o seu
comando, a tribo lutou e venceu os guaianá e carijó.
Esse foi apenas um dos problemas enfrentados pela Igreja Católica em terras
brasileiras.
FONTE: http://www.saovicente.sp.gov.br/conheca/historia/relindios.asp