MEC-USAID[1]
Série de acordos produzidos, nos anos 1960, entre o Ministério da
Educação brasileiro (MEC) e a United
States Agency for International Development (USAID). Visavam estabelecer
convênios de assistência técnica e cooperação financeira à educação brasileira.
Entre junho de 1964 e janeiro de 1968, período de maior intensidade nos
acordos, foram firmados 12, abrangendo desde a educação primária (atual ensino
fundamental) ao ensino superior. O último dos acordos firmados foi no ano de
1976.
Os MEC-USAID inseriam-se num contexto histórico fortemente marcado
pelo tecnicismo educacional da teoria do capital humano, isto é, pela concepção
de educação como pressuposto do desenvolvimento econômico. Nesse contexto, a
“ajuda externa” para a educação tinha por objetivo fornecer as diretrizes
políticas e técnicas para uma reorientação do sistema educacional brasileiro, à
luz das necessidades do desenvolvimento capitalista internacional. Os técnicos
norte-americanos que aqui desembarcaram, muito mais do que preocupados com a
educação brasileira, estavam ocupados em garantir a adequação de tal sistema de
ensino aos desígnios da economia internacional, sobretudo aos interesses das
grandes corporações norte-americanas. Na prática, os MEC-USAID não significaram
mudanças diretas na política educacional, mas tiveram influência decisiva nas
formulações e orientações que, posteriormente, conduziram o processo de reforma
da educação brasileira na Ditadura Militar. Destacam-se a Comissão Meira Mattos, criada em 1967, e o Grupo de Trabalho da Reforma Universitária (GTRU), de 1968, ambos
decisivos na reforma universitária (Lei nº 5.540/1968) e na reforma do ensino
de 1º e 2º graus (Lei nº 5.692/1971).
Para o estudo dos acordos MEC-USAID, é fundamental consultar as obras
de José Oliveira Arapiraca, A USAID e a
educação brasileira: um estudo a partir de uma abordagem crítica da teoria do
capital humano (1982); Ted Goertzel,
MEC-USAID: ideologia de desenvolvimento americano aplicado à educação superior
brasileira (1967); Márcio Moreira Alves,
O beabá dos MEC-USAID (1968).
Sobre os impactos históricos dos MEC-USAID na educação brasileira,
ver: Otaíza Romanelli, História da
educação no Brasil (1978); Luiz Antônio Cunha e Moacyr de Góes, O golpe na educação (1985); Francis Mary Guimarães
Nogueira, Ajuda externa para a educação
brasileira: da USAID ao Banco Mundial (1999).