O
capitalismo foi gestado com a ampliação
da produção dos valores de uso enquanto mercadorias, e movido
ao longo de toda sua história pela tendência à generalização
da forma-mercadoria, a máxima ampliação possível do âmbito da produção
de mercadorias como proporção da produção da
sociedade como um todo.
Há
limites à mercadorização da
produção, o que impõe a presença e intervenção
do Estado. Exatamente o que pode e o que não pode ser produzido enquanto
mercadoria varia segundo estágios de desenvolvimento e até segundo
conjunturas, mas as grandes áreas de intervenção do
Estado são:
instituições (propriedade)
violência (monopólio)
ideologia
infraestrutura
indústrias nascentes
e obsoletas
Dialética
do mercado e do Estado: a intervenção do Estado visa assegurar
a maior ampliação possível do mercado (fornecendo-lhe
a necessária infraestrutura), mas assim fazendo, ao produzir diretamente
valores de uso, acaba cerceando o âmbito do mercado. A tendência
de generalização da forma-mercadoria acaba suscitando assim
a contra-tendência de sua própria negação, que
se materializa na intervenção do Estado. O
mercado e o Estado formam assim uma dialética definida por
uma relação antagônica com respeito à
generalização da forma-mercadoria. A ação do
Estado, ao produzir valores de uso, nega o mercado, ainda que lhe seja necessária.
Quanto mais se desenvolve a produção de mercadorias, tanto
mais se amplia a necessidade de intervenção do Estado. No estágio
intensivo, em que a ampliação da produção de
mercadorias fica essencialmente restrito ao aumento da produtividade do trabalho,
o papel do Estado vai se ampliando a ponto de se tornar crítico por
atrofiar a âmbito do mercado.
A
crise: negação da negação. As políticas
neoliberais perseguidas ao final dos anos 1970 e no começo dos 80
por parte dos governos nacionais dos países centrais constituem
precisamente uma tentativa (crescentemente desesperada) de 'remercadorização’ de
suas economias. (O Estado capitalista tem que tentar isso, uma vez que
assegurar as condições da produção de mercadorias é sua
própria razão de ser, mesmo se, assim fazendo, lhe escapar
inteiramente o fato de que a negação da negação
da forma-mercadoria não pode restabelecer essa última: privatização
não é o mesmo que mercadorização.)
Referências
DEÁK, Csaba (1989) "O
mercado e o Estado na organização espacial da produção
capitalista" Espaço & Debates, 28:18-31
Fonte: http://www.usp.br/fau/docentes/depprojeto/c_deak/CD/4verb/ideolog/index.html
Maria
ISABEL Moura nASCIMENTO. GT : Campos Gerais-PR- Universidade
Estadual de Ponta Grossa