MÉTODO DE ENSINO INTUITIVO
[1]
Método de ensino que surgiu
na Alemanha no final do século XVIII . Foi divulgado pelos discípulos
de Pestalozzi no decorrer do século XIX na Europa e nos Estados
Unidos. No Brasil, fez parte das propostas de reformulação
da instrução pública no final do Império, tendo
Rui Barbosa como um dos principais defensores. Este, foi responsável
por sistematizar os princípios do método intuitivo em seus
famosos Pareceres e por traduzir as Lições de Coisas, de
Calkins.
Segundo
Valdemarin (2004), as lições de coisas abrangiam três
acepções: levar o aluno a adquirir uma idéia abstrata
, colocando um objeto concreto diante dele; educar através dos cinco
sentidos, fazendo o aluno ver, observar, tocar e discernir as qualidades
de alguns objetos; mostrar o conhecimento e fatos utilizando a natureza
e a indústria, apreendendo uma coisa e o seu nome, um fato e a sua
expressão, um fenômeno e o seu termo designante.
O método
intuitivo utilizava os objetos como suporte didático e os sentidos
possibilitavam a produção de idéias,
iniciando do concreto e ascendendo à abstração. Os
sentidos deveriam ser educados para obter o conhecimento, passando da intuição
dos sentidos para a intuição intelectual.
Foram
propostos novos materiais didáticos (gravuras, objetos de madeira,
caixas para o ensino das cores e das formas, etc.), museus pedagógicos
e novas atividades para serem desenvolvidas em sala de aula. Os livros
ganharam uma nova função, não servindo mais como instrumento
para a memorização dos alunos, e sim como manuais didáticos,
destinados à formação dos professores, orientando
sobre a estrutura das aulas e a
ordenação das atividades.
Entre
as inovações vinculadas ao método de ensino intuitivo,
estão a proposição que a escola deva ensinar coisas
vinculadas à vida, aos objetos e fatos presentes no cotidiano dos
estudantes, introduzindo assim os objetos didáticos como elementos
imprescindíveis à formação das idéias.
(...) A introdução dos objetos didáticos na educação
tem um caráter lúdico, mas também disciplinador: um
elemento novo em sala de aula torna-se o centro da atenção
das crianças, instaurando assim algo que é comum a toda a
classe de alunos e ao professor, é aquilo que os une no caminho
do conhecimento. Mas, acima disso, traz consigo a possibilidade de uniformizar
raciocínios, modos de pensar, cristalizando uma forma de apropriação
das coisas exteriores num processo que é
dirigido pelo professor, o representante naquela situação do
legado das gerações precedentes, inclusive com seus valores
e seus preconceitos. ( Valdemarin, 2004, p. 176)
O
método de ensino intuitivo difundiu-se no Brasil no final do século
XIX e início do XX, fazendo parte das diversas propostas de reformas
de ensino federais e estaduais. Suas diretrizes vigoraram no Brasil até meados
da década de 1920.
Bibliografia:
SAVIANI, Dermeval. O legado educacional do “longo século
XX”
brasileiro. In: SAVIANI, Dermeval ( et. al.). O legado educacional do
século XX no Brasil. Campinas, SP: Autores Associados, 2004
VALDEMARIN, Vera Teresa. Os sentidos e a experiência: professores, alunos e métodos de ensino. In: SAVIANI, Dermeval ( et. al.). O legado educacional do século XX no Brasil. Campinas, SP: Autores Associados, 2004