NEOLIBERALISMO[1]
Doutrina surgida nos anos subseqüentes ao final da Segunda Guerra
Mundial. Inspirada no liberalismo econômico clássico, mas desfigurada para
atender aos desígnios do desenvolvimento capitalista no século XX, o
neoliberalismo tem seu marco fundamental no ano de 1947, em Mont Saint Pélérin, Suíça. Na ocasião,
reuniram-se importantes economistas e intelectuais conservadores contrários às
tendências da época, marcada pela ascensão do keynesianismo. Formulou-se,
então, uma nova doutrina, pretensamente universal, que se opunha a todo o
pensamento econômico de inspiração keynesiana e às políticas dele conseqüentes,
como o incipiente Estado do Bem-estar social (Estado-providência) e às
políticas econômicas de cunho anti-cíclico. O
austríaco Friedrich August von Hayek e o norte-americano Milton Friedman,
principais formuladores dessa corrente conservadora, criticavam o caráter autoritário desse Estado, que com seus encargos sociais e
sua atuação reguladora, estaria impedindo a realização das liberdades
individuais e a competição que levava à prosperidade econômica. A partir
desse diagnóstico, propunham o afastamento do Estado em relação às atividades
econômicas, bem como a realização de inúmeras reformas institucionais que
permitissem a livre competição e a livre circulação dos capitais, de forma que
a única ação reguladora possível fosse a do mercado. Privatização de todos os
setores da economia nacional, transferência de serviços públicos ao setor
privado, desregulamentação do sistema financeiro, redução dos encargos e
direitos sociais como um todo, redução dos gastos governamentais, entre outras,
são algumas das principais propostas do neoliberalismo. A primeira experiência
de implantação de políticas neoliberais ocorreu no Chile, comandado pela Ditadura
do General Pinochet, ainda nos anos 70. Seu “ressurgimento” correspondia à
necessidade do sistema capitalista de re-dinamizar o processo de acumulação,
que entrara em crise na medida em que o padrão de financiamento público
(estatal) da economia se tornava insuficiente para suprir as necessidades de
expansão permanente do capital. O aumento exagerado dos déficits fiscais
converteu-se em ameaça ao próprio sistema, na medida em que o Estado não podia
mais financiar tais encargos. As reformas neoliberais, que identificavam o
problema não no capital, e sim no Estado, surgem então como a panacéia: reduzir
encargos sociais, encargos trabalhistas, saneamento fiscal (redução dos gastos
públicos e privatizações), redução de direitos sociais, entre outras. Nos anos
1990, sobretudo na América Latina, o receituário neoliberal assumiu ares de
hegemonia.
Para o estudo do neoliberalismo, é fundamental a consulta às obras de
Friedrich August Von Hayek, O caminho da
servidão (1944), e de Milton Friedman,
Capitalismo e liberdade (1962). Outras importantes referências são: Perry
Anderson, Balanço do neoliberalismo
(1995); Francisco de Oliveira, Os
direitos do antivalor (1998); Nelson Werneck Sodré, A farsa do neoliberalismo (1995); Emir Sader, Pós-neoliberalismo: políticas sociais e o Estado democrático (1995); Michel
Chossudovsky, Globalização da pobreza:
impactos das reformas do FMI e do Banco Mundial (1999).
Sobre os impactos do neoliberalismo no campo educacional, ver
NEOLIBERALISMO E EDUCAÇÃO.