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POPULISMO

 

         As doutrinas populistas se originaram simultaneamente na Rússia e Estados Unidos, durante a segunda metade do século XIX, embora os contextos fossem diferente, o movimento teve como elemento comum a crítica ao capitalismo formulada pelos pequenos produtores rurais, que ficavam fora do desenvolvimento capitalista. Posteriormente, estas idéias são retomadas em diversas regiões do mundo, adotando diferentes características.

         Este modelo específico de governo foi implantado na América Latina, a partir da década de 1930, surgindo como um movimento político associado ao processo de expansão da indústria e da urbanização, junto com a desintegração das estruturas de poder das oligarquias rurais. O populismo emergiu como estratégia de governo para responder às condições de atraso econômico e de desigualdades sociais produto das políticas conservadoras aplicadas pelas oligárquicas nacionais.

         Existem diversas definições a respeito do populismo, Weffort considera que se trata de um fenômeno caracterizado pela participação política das classes populares, urbanas, e "particularmente enraizado naquelas cidades de maior ritmo de crescimento, mais fortemente atingidas pelo desenvolvimento industrial e pelas migrações” (1981, p. 35).

         Para Ernesto Laclau o populismo “... é a apresentação das interpelações popular-democráticas como conjunto sintético-antagônico com  respeito à ideologia dominante.” (LACLAU, 1979, p. 201)

         Gregorio Weinberg (1989, p; 122) afirma que:

o populismo carece de um modelo alternativo de desenvolvimento, também não possui um modelo alternativo em matéria de educação, consequentemente, aceita a herança que, de alguma maneira, modifica para adaptá-la às novas necessidades, em particular, ao crescimento da matrícula.

 

         Historicamente o populismo latino-americano correspondeu a uma fase de transformações do Estado capitalista, no qual a burguesia agro-exportadora e a burguesia mineira e comercial perderam o monopólio do poder político, perante o avanço das classes sociais urbanas, constituídas pela burguesia industrial, camadas médias, proletariado industrial, militares e intelectuais. Com efeito, este movimento foi uma aliança de classes sócias antagônicas, visando a hegemonia do controle do Estado (Lanni, 1984).

         Os regimes populistas instalados em países como, por exemplo, México, Brasil e Argentina, durante a primeira metade do século XX adquiriram dimensões autoritárias e implantaram políticas econômicas de caráter nacional – desenvolvimentistas. Tinham em comum uma prática política paternalista, a liderança carismática que exaltavam as virtudes da comunidade popular. O governo mantinha o controle das massas, e impunha o doutrinamento da sociedade mediante o domínio dos médios de comunicação e dos aparelhos ideológicos do Estado.

 

Referências

 

WEFFORT, Francisco. O populismo na política brasileira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978. IN: MELO, José Marques de (org.). Populismo e Comunicação. São Paulo: Cortez Editora, 1981.

 

IANNI, Octavio. La Formación del Estado Populista en América Latina. Mexico: Ediciones ERA, 1984.

 

LACLAU, E.: Política e ideologia na Teoria Marxista, Capitalismo, Fascismo e Populismo. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra, 1979.

 

WALDMANN, P.: El Peronismo 1943-1955. Buenos Aires: Hyspamérica, 1986.

 

Verbete elaborado por Margarita Victoria Rodríguez

 

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