RUDE[1]
(do latim: rudibus)
A origem da palavra rude vem da Antigüidade e denominava aqueles pagãos que estavam aprendendo os ‘rudimentos’ da
doutrina cristã. O título da obra catequética de Santo Agostinho, A Instrução dos Catecúmenos: Teoria e
Prática da Catequese, no latim, é De Catechizandis Rudibus. Segundo o sentido usado nos primórdios
cristãos rudibus (rudes) eram aqueles
que vinham se informar dos rudimentos da fé, antes de se decidirem a
entrar no catecumenato, ou seja, a catequese organizada com o fim do batismo.
Santo Agostinho os chamou de rudes porque careciam dos rudimentos da fé, mesmo
quando eram cultos nas ciências profanas. Só mais tarde é que o conceito tomou
um sentido de pessoas que tinham dificuldades para aprender. Benci usa esse termo,
já com um sentido pejorativo, para designar os gentios (negros e índios), e
justificar as suas dificuldades em colocar os rudimentos da fé na cabeça. A
catequese da época se constituía em quatro etapas: 1 - Para pagãos que vinham à
procura de informações sobre o cristianismo. Eram os accedentes. S. Agostinho chamou-os de 'rudes' porque careciam dos
rudimentos da fé, podendo ser cultos ou não em outras ciências; 2 - Os
candidatos que confirmavam sua conversão e desejavam o batismo, passavam para o
catecumenato (eram os catechumeni
); 3 - A terceira etapa começava no início da quaresma. Os educandos
passavam então a chamar-se competentes (ou electi. Em grego: photizomenoi, isto é, os que serão
iluminados); 4 - E, finalmente, após o batismo, na Páscoa, os neófitos eram
instruídos acerca dos mistérios (sacramentos) (S. Agostinho, 1984, p. 11). Com o passar dos tempos, na Idade Moderna e, no caso, no
Brasil Colonial, tanto a palavra ‘boçal’, como a palavra ‘rude’, tomaram um
sentido pejorativo. Ver nas Referências Documentais: AGOSTINHO (1984);
VIEIRA (1940); BENCI (1977); ANTONIL (1982); VIDE (1853).