TEORIA DO CAPITAL HUMANO[1]
Sua origem está ligada ao surgimento da disciplina Economia da Educação, nos Estados
Unidos, em meados dos anos 1950. Theodore W. Schultz, professor do departamento
de economia da Universidade de Chigago à época, é considerado o principal
formulador dessa disciplina e da idéia de capital humano. Esta disciplina
específica surgiu da preocupação em explicar os ganhos de produtividade gerados
pelo “fator humano” na produção. A conclusão de tais esforços redundou na
concepção de que o trabalho humano, quando qualificado por meio da educação,
era um dos mais importantes meios para a ampliação da produtividade econômica,
e, portanto, das taxas de lucro do capital. Aplicada ao campo educacional, a
idéia de capital humano gerou toda uma concepção tecnicista sobre o ensino e
sobre a organização da educação, o que acabou por mistificar seus reais
objetivos. Sob a predominância desta visão tecnicista, passou-se a disseminar a
idéia de que a educação é o pressuposto do desenvolvimento econômico, bem como
do desenvolvimento do indivíduo, que, ao educar-se, estaria “valorizando” a si
próprio, na mesma lógica em que se valoriza o capital. O capital humano,
portanto, deslocou para o âmbito individual os problemas da inserção social, do
emprego e do desempenho profissional e fez da educação um “valor econômico”,
numa equação perversa que equipara capital e trabalho como se fossem ambos
igualmente meros “fatores de produção” (das teorias econômicas neoclássicas).
Além disso, legitima a idéia de que os investimentos em educação sejam
determinados pelos critérios do investimento capitalista, uma vez que a
educação é o fator econômico considerado essencial para o desenvolvimento. Em
1968, Schultz recebeu o prêmio Nobel de Economia pelo desenvolvimento da teoria
do capital humano.
Para o estudo da Teoria do capital humano é fundamental
consultar as obras de Theodore Schultz, O
valor econômico da educação (1963) e O
capital humano – investimentos
em educação e pesquisa (1971); Frederick H. Harbison e Charles A. Myers, Educação, mão-de-obra e crescimento
econômico (1965). No Brasil, destaca-se
Cláudio de Moura Castro, Educação, educabilidade e desenvolvimento econômico (1976);
Para uma crítica à teoria do capital humano, é fundamental consultar
as obras de José Oliveira Arapiraca, A
USAID e a educação brasileira (1982); Gaudêncio Frigotto, Educação e
capitalismo real (1995), Wagner Rossi,
Capitalismo e educação: contribuição ao estudo crítico da economia da educação
capitalista (1978).
[1] Verbete elaborado por Lalo
Watanabe Minto para subsidiar o presente projeto.