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VIRTUDES[1]

 

As virtudes apregoadas pela moral cristã, são herdeiras do estoicismo e da ética de Aristóteles: Virtudes Teologais: Fé, Esperança e Caridade; e Virtudes Cardeais: Prudência, Fortaleza, Justiça e Temperança. Essas virtudes foram herdadas primeiramente dos estóicos, e incorporadas pela Patrística. (Häring (1960) fala da influência do De officiis, de Cícero, especialmente sobre a obra de Santo Ambrósio). Segundo Gadotti, na sua obra de Officiis [Dos Deveres] Cícero diz que “nada em nossa vida escapa dos deveres” deveres para ele, seriam amizade, justiça, caridade, honestidade, verdade, temperança, segundo os estóicos, mas só para os cidadãos (GADOTTI, 1995, p.44-46). Também Sérgio Buarque de Holanda, comentando o programa de estudos do Colégio da Bahia para o ano de 1563, fala da utilização dos clássicos de Cícero: De Officii,  De Oratore, Discurso Post Reditum, Cartas Familiares,  correspondendo aos programas usados em Évora (1968, p.143). Depois da Patrística as virtudes estóicas foram incorporadas à Escolástica, e o seu expoente máximo, São Tomás de Aquino, muito contribuiu para essa assimilação. A Segunda Parte da Suma Teológica de São Tomás compõe-se de duas seções. A primeira, chamada Prima-Secundae, trata da Moral geral: do fim último, do livre arbítrio, das paixões, dos hábitos, das virtudes em geral, dos pecados, da lei e da graça. De modo semelhante, a Segunda seção chamada  Secunda-Secundae trata de uma Moral especial: toda a vida moral se encontra ali resumida na prática das três virtudes teologais: Fé, Esperança e Caridade e nas quatro virtudes cardeais: Prudência, Fortaleza, Justiça e Temperança. Nestas partes é que se faz sentir a influência de Aristóteles, principalmente as virtudes inspiradas na Ética a Nicômano (Häring, 1960). Nos textos dos religiosos letrados coloniais as virtudes e a filosofia estóica aparece nos sermões sob vários pretextos: para aconselhar os senhores; para abrilhantar a obra com uma gramática elegante; para exemplificar, com modelos de comportamento estóico; e para reforçar, com os clássicos pagãos, as citações bíblicas. Outrossim, tanto aparece cristianizada na voz dos teólogos da Igreja, como na sua versão original, ou perpetuada pelo movimento renascentista na literatura e nas artes plásticas. Ver, nas Referências Documentais: MARCO AURÉLIO (1969); AMBRÓSIO (1972) e nas Referências Historiográficas: FÜLLÖP MILLER (1935); Bernard Häring (1960); (GADOTTI, 1995); HOLANDA, Sérgio Buarque de (1976).

 

 



[1] Verbete elaborado por Ana Palmira Bittencourt Santos Casimiro

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